O Krav Maga surgiu na década de 1940 em Israel e rapidamente ganhou o mundo. Isso porque as técnicas da mais nova arte marcial daquela época ajudaram e muito o exército israelense a conquistar a independência do país.
Porém, na contramão das outras artes marciais, como jiu-jitsu, muay thay e kung fuk, o krav maga não se transformou em um esporte. Esta é, inclusive, a única luta que é reconhecida mundialmente apenas como defesa pessoal e não como arte marcial.
Portanto, se você quer participar de uma competição de krav maga – esqueça. Não há regras, competições, pontuações, enfim, nada que caracterize a luta como um esporte. Por outro lado, é necessário muito treino e condicionamento físico.
Cortesia da Federação Sul-Americana de Krav Maga |
O krav maga se difundiu pelo mundo como a mais poderosa técnica de defesa pessoal. O objetivo principal é simplesmente abater o adversário – neste caso o inimigo, já que estamos falando de um assaltante, seqüestrador ou até mesmo de um soldado. Para isso, a técnica visa a defesa pessoal e todos os golpes são permitidos, afinal, trata-se de salvar vidas.
Os treinamentos procuram capacitar o praticante para que o mesmo consiga se defender em uma situação de perigo real. Como já poderíamos imaginar, principalmente em função de sua origem, o krav maga é utilizado pelas principais forças policias e militares do mundo todo como o FBI, a SWAT, o Corpo dos Fuzileiros Navais dos Estados Unidos e aqui no Brasil pelo BOPE, marinha, entre outras organizações.
Em função do aumento da violência urbana, o krav maga vem sendo cada vez mais praticado em academias brasileiras. Não há limite físico para a sua prática e muitas mulheres estão optando pelo aprendizado do krav maga para defesa pessoal.
O krav maga no Brasil
O krav maga é fruto de movimentos de resistência dos judeus durante a Segunda Guerra Mundial. Porém, a mais nova arte marcial da época se desenvolveu mesmo e criou raízes em Israel, sendo muito utilizada pelos grupos de resistência que ali existiam na década de 1940.
Após a independência do Estado de Israel, em 1948, o krav maga passou também a ser a filosofia e técnica de defesa adotada pelo Tzahal, serviço militar israelense, além do serviço secreto e polícia local. Até 1964 o ensino do krav maga era restrito à elite militar, porém, a partir desta data ele foi liberado para a população em geral – ainda, no entanto, apenas dentro do Estado de Israel.
A origem do krav maga – e sua história – está intimamente ligada a de seu criador - Imi Lichtenfeld.
Imi
Lichtenfeld nasceu em 26 de maio de 1910, em Budapeste, porém, cresceu e foi criado em Bratislava, capital da Eslováquia. Na época seu pai era chefe do serviço secreto local e instrutor de defesa pessoal.
Incentivado
por seu pai, Imi teve contato e praticou muitas e diferentes lutas chegando a ser campeão de vários campeonatos de luta greco-romana e boxe. Além de todo esse contato com o mundo das lutas, Imi tinha também um vasto conhecimento médico adquirido através de muita leitura – seu tio era médico e Imi passava horas e horas lendo livros de medicina para entender melhor o corpo humano.
Por volta de 1930 grupos
fascistas e antisemitas invadiram as ruas de Bratislava. Imi tornou-se líder de um forte grupo de resistência. Porém, naquela época, o nazismo ganhava cada vez mais força e Imi teve que deixar seu país. Em 1940 ele embarcou na balsa chamada de Pentcho que deixava a Europa rumo à Israel. São inúmeras as histórias sobre a viagem que durou dois anos.
A
sua chegada em Israel mudou a sua história e a daquele país. Rapidamente Imi foi nomeado para ser o responsável pela preparação física e defesa pessoal do grupo de defesa Haganah, maior organização da época. Após a independência do Estado de Israel, Imi passou a ser o principal treinador do Tzahal, exército israelense. Mas Imi queria mais – sua intenção era divulgar o krav maga não apenas entre os militares e para tanto adaptou a sua técnica para o mundo civil, tornando-a acessível para qualquer pessoa.
Para tanto fundou centros de treinamento em
Tel Aviv e Natanya e selecionou os seus melhores alunos para tocarem os centros – futuramente estes mesmos alunos seriam responsáveis por levar o krav maga além das fronteiras de Israel.
Em
1978, fundou a Associação de Krav Maga em Israel. Imi Lichtenfeld faleceu no dia 9 de janeiro de 1998. Sua obra no entanto, é reconhecida até hoje. Imi recebeu, ainda em vida, diversas homenagens, principalmente em função de sua importância na conquista da independência do Estado de Israel.
O legado de Imi Lichtenfeld para
Israel é imensurável. Atualmente, o krav maga é tão difundido em Israel que seu ensino é obrigatório nas escolas do país. |
Não demorou para que Imi Lichtenfeld, criador do krav maga, percebesse a importância da divulgação de sua arte e a necessidade de dar continuidade à sua obra. Para tanto, selecionou um pequeno grupo que seria treinado com o intuito de transmitir o krav maga para o resto do mundo e gerações futuras. Entre eles estava o Mestre Kobi, responsável por trazer o krav maga para o continente sul-americano. Desta maneira, em 1987 foi liberada a prática e o ensino do krav maga fora do Estado de Israel.
Em 1990, Mestre Kobi chegou ao Brasil e apresentou a sua técnica de defesa pessoal que foi muito bem aceita não só pele elite militar brasileira como pela população em geral.
As técnicas e os principais golpes de krav maga
Cortesia da Federação Sul-Americana de Krav Maga |
Dentro da filosofia do krav maga todo ser humano é capaz de defender a própria vida.
Muitas das técnicas empregadas no krav maga são comuns às outras artes marciais como o movimento de punho e técnicas de pernas do boxe e o muay thai, além das chaves e torções do jiu-jitsu. O treinamento e o objetivo, porém, é o que diferencia o krav maga dessas outras lutas. Nas aulas de krav maga procura-se fazer uma simulação do stress que o aluno enfrentará na situação real.
Os movimentos são ensinados passo a passo e além de aprimorar a técnica de cada um deles, os alunos são treinados para desenvolver a visão periférica e a autoconfiança, fundamentais para suportar uma situação de stress.
Várias técnicas são ensinadas para cada tipo de ataque ou defesa – fica a critério da própria pessoa escolher qual a melhor para utilizar dependendo da situação em questão. E, como não existem regras, tudo é permitido – de cotoveladas, à mordidas e dedo nos olhos, além de, é claro, socos nas áreas “íntimas” e frágeis. Aqui vale a rapidez e a precisão. Os movimentos devem ser curtos e muito rápidos e este é um dos motivos pelo qual o krav maga pode ser praticado por qualquer pessoa, independente do sexo ou idade.
Cortesia da Federação Sul-Americana de Krav Maga |
Já que a força é igual à massa multiplicada pela aceleração, os golpes do krav maga procuram transferir o peso na força da explosão. O alvo então (o inimigo) é quem recebe o peso do corpo potencializado pela velocidade. Os golpes também visam atingir os pontos sensíveis do corpo – e até mesmo letais – igualando qualquer adversário, independente da força física. O grande macete é transferir o peso do próprio corpo para o adversário.
Como dito anteriormente, tudo é permitido. Porém, todo grande mestre de krav maga e instrutores qualificados aconselham tentar desencorajar o inimigo antes de mais nada através do diálogo.
"Em situações de risco, não reagir é mais seguro do que arriscar a vida” Kobi Lichtenstein, fundador da Federação Sul-Americana de Krav Maga
2º - O krav maga tem como base os reflexos naturais do corpo humano.
3º - Buscar sempre o mínimo risco pessoal.
4º - Tentar primeiramente desencorajar o adversário através do diálogo.
5º - Para controlar um adversário, atacar primeiro as zonas mais frágeis do corpo humano como os olhos e a garganta.
6º - Buscar objetos que estejam ao alcance na hora do combate.
7º - Todos os golpes são válidos quando se trata de salvar uma vida.
Krav maga para civis
Como o krav maga pode ser empregado tanto por civis como por militares e policiais, não é de se entranhar que o ensino da arte marcial seja diferente para ambos os casos. Apesar das técnicas empregadas serem as mesmas, as aulas são baseadas em situações de perigo reais – bem diferentes para civis e forças de segurança.
Em se tratando de civis que buscam praticar a luta para manter a forma ou ainda estão em busca de aprender uma técnica para defesa pessoal, o sistema de ensino do krav maga é muito semelhante ao de outras artes marciais, e segue um esquema de cores e faixas que permite ao aluno acompanhar a própria evolução e buscar novos desafios.
Nestes casos – e de acordo com a Federação Sul-Americana de Krav Maga – o ensino é dividido em duas partes. Na primeira delas o praticante aprende as técnicas básicas de defesa pessoal (faixa branca à faixa azul). Já na segunda fase, que vai da faixa azul à faixa preta, o aluno aprende técnicas de combate corpo a corpo e técnicas de combate militar.
Na faixa amarela o aluno aprende os movimentos detalhadamente e realiza os primeiros movimentos de soltura e ataque. Na faixa laranja o praticante deverá executar os movimentos aprendidos na faixa amarela com muito mais velocidade e precisão. É também no final da faixa laranja que o aluno tem os primeiros contatos corpo a corpo.
Depois da faixa laranja vem a faixa verde. Agora é hora de aprender os primeiros movimentos de defesa. Na faixa azul o praticante recebe as primeiras orientações para defesa contra arma branca e arma de fogo. Na faixa marrom, o aluno precisa se defender e atacar dois ou mais inimigos ao mesmo tempo além de ter contato com os primeiros exercícios de combate militar.
Depois da faixa marrom vem a preta que é subdividida em cinco dans. Após o 5º dan da faixa preta o aluno passa para a faixa branca e vermelha que vai do 6º ao 9º dan. Já a faixa vermelha, ou 10º dan, é um título reservado para o sucessor de Imi, porém, antes de morrer, o criador do krav maga acabou não nomeando ninguém.
Dois grupos de civis estão procurando cada vez mais o krav maga como forma de defesa pessoal: as mulheres e os executivos. As mulheres, como podemos imaginar, são alvos fáceis e freqüentes vítimas de agressões físicas, assaltos e estupros. O ensino de krav maga para as mulheres inclui técnicas de de soltura, defesa, ataque, técnica contra roubo de bolsa e até mesmo contra tentativa de estupro.
Já os executivos são treinados não só para soltura e ataque como também para defesa contra ataques com faca e armas de fogo.
Krav Maga para forças de segurança
Antes mesmo dos civis, os policiais, militares e agentes de segurança são os que mais procuram o krav maga. São inúmeros os usos do krav maga para as forças de segurança e o treinamento é sim bem diferenciado.
Para as corporações militares o treinamento inclui técnicas de soltura, ataque e defesa contra todos os tipos de arma, eliminação de sentinela, defesa contra ameaça de granada, situações de reféns, controle de terroristas, além de toda a técnica israelense para a proteção de aeronaves que inclui controle de ataque terrorista dentro da aeronave e resgate de reféns.
Já as corporações policiais trabalham mais com técnicas de defesa e ataque com armas, sejam elas brancas ou armas de fogo. Os policiais também contam com um treinamento específico para agentes penitenciários, para controle de multidões e para a segurança de transporte coletivo. Em todos os casos, eles precisam saber como se defender de inimigos armados, além de conseguirem resgatar um único indivíduo em meio à multidão.
Os policiais do BOPE – Batalhão de Operações Policiais Especiais – treinam, por exemplo, para combater narcotraficantes. Para tanto, os “caveiras” praticam nas aulas com os mesmos equipamentos que utilizam nas ruas como colete à prova de balas, pistolas, carregadores de fuzis, etc. Eles também aprendem a usar o fuzil como um bastão, entre outras técnicas especiais que buscam imobilizar o inimigo sem matá-lo.
O krav maga também vem sendo cada vez mais utilizado pela segurança privada. Os tradicionais “guarda-costas” aprendem as técnicas básicas de defesa e ataque do krav maga para protegerem seus clientes. Aqueles que trabalham com a segurança de shopping centers e segurança patrimonial também estão aderindo às técnicas israelenses.
KRAV-MAGÁ: A ARTE DA DEFESA
Técnica de defesa pessoal criada em Israel que conquistou o mundo ao unir movimento precisos e o poder da autoconfiança sobre o corpo.
O surgimento do Krav-Magá deu-se num ambiente conturbado. Nos anos 30 e 40, o Oriente Médio estava sob controle dos britânicos. Nessa época, o criador do Krav-Magá, Imi Lichtenfeld, já participava de confrontos na capital da Eslováquia, Bratislava, e liderava um grupo de resistência contra os fascistas. Na mesma época, deixou sua terra natal rumo a Israel.
Antes de chegar ao país, Imi lutou no Oriente Médio em combates na Líbia, Síria, Líbano e Egito. Em 1942 recebeu licença para entrar na terra prometida. Ao chegar, juntou-se à organização Hagana. Na época, várias organizações tentavam defender a população.
Depois da fundação do Estado de Israel e da criação das forças de defesa israelense (Tzahal), Lichtenfeld foi nomeado instrutor-chefe de preparação física para combate e defesa pessoal, o qual comandou durante 18 anos, até 1966. Nos primeiros anos depois da fundação do exército israelense os treinamentos ganharam vários nomes: Kapap, Krav Panim El Panim (combate corpo a corpo), Makel Bemakel (bastão contra bastão) e Yadaim Reikot (mãos vazias).
Após sair do comando do Tzahal, se debruçou sobre o Krav-Magá, adaptando e adequando a técnica ao mundo civil, tornando-o acessível. Assim, abriu dois centros de treinamento: um em Tel Aviv e outro em Natanya. Já pensando no futuro do Krav-Magá, selecionou um grupo com seus melhores alunos que viriam a ser os responsáveis pela disseminação da técnica. Somente em 1978 foi fundada a Associação de Krav-Magá em Israel.
DISCÍPULOS Segundo o livro “Gênesis - A História do Krav-Magá”, dos pesquisadores Jeffrey Tuchman e George Mayers, apenas dez alunos receberam a faixa preta das mãos de Imi. São eles: Eli Avikzar, Rafi Elgarisi, Haim Zut, Shmuel Kurzviel, Haim Hakani, Shlomo Avisira, Vicktor Bracha, Yaron Lichtenstein, Avner Hazan e Miki Asulin.
Esse grupo foi dividido entre as academias de Natanya e Tel-Aviv. Cada um de seus alunos teve grande participação na disseminação do Krav-Magá. Foi em Eli Avikzar que Imi encontrou os elementos que procurava: movimentação suave, velocidade, rapidez e boa capacidade de reação. Com Yaron Lichtenstein escreveu dois livros. Alguns, como Rafi Elgarisi, já tinham praticado alguma outra luta, como o boxe. Imi também considerava importante que os alunos tivessem educação ampla em áreas desligadas como o Judô, Pugilismo, Aikido.
EXPANSÃO E DERIVAÇÕES O principal protagonista da expansão do Krav-Magá foi Yaron Lichtenstein, que teve papel crucial no processo de divulgação e ascensão da arte marcial. Os dez alunos de Imi funcionavam como uma unidade, ao mesmo tempo em que trabalhavam como instrutores, geralmente na cidade onde moravam.
Na década de 1970, Eli Avikzar foi encarregado de ser instrutor-chefe na escola de preparação física do exército, enquanto Yaron era instrutor-chefe na escola de treinadores no Instituto Wingate.
Na mesma época, Yaron foi recrutado para ser instrutor no Serviço Secreto Israelense, fato que marcou a ingressão do Krav-Magá em uma instituição governamental e a desmilitarização da arte. O objetivo inicial era que Eli e Yaron trabalhassem juntos, o que não aconteceu. Uma das escolas foi dada à Eli e a outra, em Tel-Aviv para Lichtenstein.
Com o crescimento do número de alunos, Yaron voltou a sua cidade natal, Rehovot, onde fundou junto com Imi a BUKAN, com mais de três mil alunos. Com o passar do tempo, o Krav-Magá foi inserido nas escolas públicas de Israel. No Instituto Wingate, Yaron recebeu o título de treinador especializado em Krav-Magá, certificação que lhe dava autorização para conceder diplomas de instrutor.
O primeiro país a receber a delegação de instrutores e alunos foi a Holanda. Os livros que publicaram juntos também ajudaram na disseminação e num melhor entendimento dos já praticantes da arte.
OS GOLPES Como o objetivo do Krav-Magá é preparar o aluno para as agressões e violências do dia-a-dia, as aulas procuram simular esse ambiente das ruas. Alguns golpes e técnicas são comuns a outras artes marciais como o boxe, muay thai e jiu-jitsu.
Além dos golpes, o aluno deve desenvolver visão periférica e autoconfiança, elementos que só contribuirão para sua formação na arte. Tudo é permitido, desde cotoveladas a socos nas áreas íntimas, o que vale é a rapidez e a precisão dos movimentos.
O Krav-Magá trabalha com a transferência do peso para o adversário e visa atingir os pontos mais sensíveis do corpo. Dependendo da situação é recomendado atingir os locais letais. Veja mais nos vídeos:
FILOSOFIA E PREPARAÇÃO Como qualquer outro treinamento – seja de arte marcial, de um esporte – o Krav-Magá estimula a superação de limites. O aluno deve levar consigo um sentimento de competição e estabelecer metas que deverão ser alcançadas.
Porém, ao contrário de outras lutas e esportes, vai além do trabalho corporal, atingindo a mente e a espiritualidade. Uma das principais metas é a conquista da autoconfiança. Sendo uma arte de defesa pessoal, o Krav-Magá trabalha com o “não sentir-se ameaçado”, seja fisicamente ou não. Quando o aluno se sente capaz, consegue levar uma vida mais saudável física e mentalmente.
São quatro os princípios do caminho de vida do Krav-Magá: - Coragem: enfrentar obstáculos, não importa qual a sua dimensão; - Equilíbrio emocional: controlar as emoções, sem deixar que o medo se sobreponha e impeça a ação; - Paciência: a mudança acontece gradativamente, acompanhando o ritmo individual de cada aluno; - Respeito: respeitar a si próprio, ao próximo e o inimigo.
Portanto, para que a defesa seja precisa, corpo e mente devem estar em equilíbrio.
O objetivo principal do fundador do Krav-Magá era mostrar que qualquer pessoa pode aprender a se defender da violência do dia-a-dia. Imi se preocupou em passar sua postura otimista diante das adversidades da vida.
FONTES
http://esporte.hsw.uol.com.br/krav-maga.htm
http://obviousmag.org/archives/2014/05/krav-maga_a_arte_da_defesa.html
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