sexta-feira, 11 de abril de 2014

A farsa ocidental da fase chamada ''Adolescência'' para a desestruturação da família e da sociedade

''A adolescência é quando você pode fazer coisas de menino, sem ser chamado de menino, pois ninguém quer ser chamado disso. Não vão chama-lo de adulto, mas também não vão chama-lo de menino. Você quer brincar de ser homem, mas não quer assumir as responsabilidades''
Pastor Paul Washer

Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, discorria como menino, mas, logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino.
1 Coríntios 13:11



Adolescência Existe?

 
Desejada pelos filhos e temida pelos pais, a adolescência é, para a maioria das pessoas uma fase inevitável. Na igreja são criados programas específicos para atrair os adolescentes. Pais e pastores têm adaptado as casas e as congregações para evitar que os moços saiam para o mundo. Ninguém tem questionado a adolescência. É como se ela fosse uma verdade absoluta e inquestionável. A rebelião, por exemplo, é aceita nessa fase como normal. A fé na adolescência, tem sido maior que a fé no evangelho do Reino que denuncia a rebelião como a raiz de todo pecado e uma atitude que requer arrependimento. Quantos comportamentos pecaminosos são absolvidos de seu peso quando presentes em adolescentes! Será que essa concepção é correta ou isso é um sinal de mundanismo dentro da igreja? A adolescência é uma criação de Deus ou uma invenção de homens?

O QUE É A ADOLESCÊNCIA?
Etimologicamente, adolescência vem do latim: adolescere – adoecer. Já na palavra, fica registrado o aspecto patológico da fase.
Para a psicologia naturalista, a adolescência é uma fase de transição entre a infância e a idade adulta. Para esses, a adolescência é natural e universal. Todo ser humano tem essa fase registrada em sua natureza, em sua genética. Sendo assim, não importam fatores externos, culturais, históricos ou sociais: toda criança será adolescente antes de ser adulto. A principal característica dessa transição seria a puberdade: o conjunto de mudanças físicas causadas pelas intensas variações hormonais iniciadas no final da infância. Alterações de voz, crescimento de pêlos, definição da forma do corpo, desenvolvimento dos órgãos sexuais e outras transformações desencadeiam uma nova forma de percepção de si mesmo, do outro e do mundo. A mudança de percepção está associada a uma nova mentalidade e conseqüente conjunto de comportamentos característicos. O ser fisicamente diferente induz a uma busca de identidade e auto-afirmação que leva às pressões e conflitos causadores dos chamados problemas da adolescência. Assim se explica a insegurança, a instabilidade, a tendência à rebelião, à bagunça e à irreverência que caracteriza o adolescente.
Para a maioria das pessoas essa psicologia está correta. Pais e igreja, de maneira geral, aceitam e até se preparam para enfrentar a adolescência. Mas será que isso é verdade?

ADOLESCÊNCIA NÃO EXISTE EM TODO LUGAR
Uma breve pesquisa é suficiente para se perceber que a adolescência não é natural, nem universal. Em muitas culturas a idade adulta chega através de um mero ritual de passagem. O desafio, o sofrimento e a responsabilidade são elementos freqüentes nesses ritos. No Alto Xingu, um jovem da etnia yawalapiti passa a ser considerado adulto quando sua pele é arranhada até sangrar com o uso de dentes de peixe. Meninos da etnia xhosa, na África do Sul, se tornam homens maduros após uma circuncisão. Os filhos e filhas de judeus são recebidos como homens e mulheres responsáveis pelos seus atos após uma cerimônia de bênção: Bar Mitzváh (menino) e Bat Mitzváh (menina). Por que no mundo não influenciado pela cultura ocidental, não existe adolescência? Por que a família é muito mais desestruturada onde a adolescência existe? De maneira geral, nos povos orientais, cuja estrutura familiar ainda é valorizada, não há adolescência. Esses são apenas poucos de muitos exemplos que poderiam ser considerados. Felizmente adolescer ainda não é uma pandemia
Por que não se falava em adolescência há 5 décadas atrás? Por que os índices de violência aumentaram tanto? Por que os problemas ligados à atividade sexual também cresceram? É evidente que essas perguntas têm muitas respostas. Quero salientar, entretanto, que esses fenômenos são contemporâneos do surgimento da adolescência. Os dados a seguir*, por serem referentes ao momento e um dos lugares onde “nasceu” a adolescência(Estados Unidos), sugerem respostas a essas perguntas.
Os pais se divorciam duas vezes mais do que há 20 anos e mais crianças são envolvidas em dissolução matrimonial. 1 milhão e 18 mil em 1979, em comparação com 562 mil em 1963.
Em 1950 10,9 por cento dos domicílios americanos tinham só uma pessoa neles. Hoje é 22 por cento. Isso demonstra que os americanos passaram a ter menos filhos e a passar menos tempo junto deles para criá-los.
Também em 1950, os adultos (acima de 15 anos) cometeram delitos graves numa taxa 215 vezes mais alta que a dos crimes praticados por crianças. Em 1979 a taxa era 5,5 vezes maior. Isso significa, não que a taxa de criminalidade entre os adultos diminuiu, na verdade aumentou em 3 vezes entre 1950 e 1970. O que explica essa diminuição da desproporção entre a quantidade de crimes cometidos por crianças e por adultos é o assustador aumento da criminalidade infantil. Entre 1950 e 1979 o índice de crimes cometidos por pessoas com menos de 15 anos aumentou 11000 por cento (isso considerando só crimes graves: assassinato, estupro, roubo, assalto).
O início da puberdade no sexo feminino vem caindo quatro meses por década nos últimos 130 anos. EM 1900 a idade média em que acontecia a primeira menstruação era 14 anos ao passo que, em 1979 era 12 anos.
Estudos realizados por uma universidade americana, concluem que a freqüência da atividade sexual entre adolescentes solteiras, em todas as raças, aumentou em torno de 30% entre 1971 e 1976. Aos 19 anos 55% já haviam tido relações sexuais. Como conseqüência, os partos em adolescentes constituíram 19% de todos os partos nos Estados Unidos em 1975.
Entre 1956 e 1979 a porcentagem de crianças entre 10 e 14 anos que sofria de gonorréia aumentou quase 3 vezes: de 17,7 uma população de 100 000 para 50,4.
A adolescência foi descrita como fato social em 1976 (ERICKSON, E. Identidade, juventude e crise. Rio de Janeiro: Zahar, 1976). É evidente que a adolescência é encontrada há mais tempo, mas a formulação do conceito científico se deu apenas naquele ano. As características sócio-históricas que levaram à formulação desse conceito são, na verdade, uma terrível conseqüência da degeneração da família. Os dados acima, não podem ser interpretados como normais. Eles refletem uma realidade familiar. Considerar adolescência como normal, seria considerar os problemas revelados acima também como normais. Adolescer tem sido uma realidade, mas para deixar de ser, precisa ser compreendido como realmente é: um problema.
A família já foi o ambiente de maior vínculo afetivo na sociedade. Havia um ambiente naturalmente seguro para cada criança crescer e se tornar um homem ou uma mulher. À partir da revolução industrial os pais deixaram as casas para trabalhar na indústria. Depois as mães passaram a ser requisitadas. Os filhos eram deixados em escolas onde passaram a construir um grupo social próprio com características afins. As novas tecnologias de produção levaram à necessidade de preparação de mão de obra especializada. Com isso, os jovens tinham que passar mais anos na escola e ainda menos tempo em família. Esse processo de desestruturação familiar relacionado à revolução industrial gerou, portanto, uma comunidade de jovens sem referência. Como amadurecer convivendo apenas com pessoas nas mesmas condições de maturidade e com os mesmos conflitos? Ali nascia a adolescência. Um longo período de indefinições provocado pela perda do ambiente onde essas definições viriam naturalmente. Pais como referência de homens e mães como referência de mulheres convivendo com seus filhos seriam capazes de conduzi-los tranquilamente à idade adulta. O que vemos hoje, portanto, não se trata de uma fase determinada geneticamente, mas uma realidade produzida historicamente.
A mudança nas tecnologias de informação é outro fato histórico relacionado. As informações a que temos acesso determinam nossos interesses e ações. Há 4 séculos o mundo infantil e o mundo adulto eram bem distintos. Havia assunto de criança e assunto de adulto. As conversas de um não eram permitidas para o outro grupo. Essa distinção era mantida pelos valores sociais vigentes e fortalecida pela incapacidade que a criança tinha de ter acesso à informação. Para saber o que os adultos sabiam a criança deveria ler, já que as informações eram compiladas graficamente. Como não sabiam, seu mundo imaginário era preservado até que adquirissem a chave para entrar na sala da leitura e descobrir o mundo dos adultos. As crianças iam tomando conhecimento de fatos e conceitos de maneira mais coerente com seu desenvolvimento. O saber estava melhor associado ao porquê e para que saber. A leitura exigia desenvolvimento cognitivo para se tornar uma realidade. E esse desenvolvimento acabava sendo uma boa referência para o quê a criança deveria gradativamente saber. Com a revolução gráfica, as imagens tomaram o lugar da escrita e passaram a unir os dois mundos. Uma criança pode, por exemplo, no intervalo de um programa infantil, assistir a uma terrível cena de violência numa manchete de tele-jornal. A imagem transmitirá conceitos e sensações sem nenhum impedimento. É dessa forma que as crianças têm acesso a coisas que não são capazes de lidar. Quantos pais tem se surpreendido com o quanto que os filhos sabem sobre sexo antes de terem conversado com eles sobre o assunto! Muitas vezes, os filhos além de saberem, já fazem muitas coisas que não deveriam. O adolescente é produto dessa realidade. Eles têm acesso a tudo, mas não sabem lidar com tudo por que ninguém os instruiu para isso. Eles reivindicam o direito de fazer porque já sabem, mas rejeitam assumir as conseqüências do que fazem porque, para isso, não se consideram maduros o suficiente. A informação que a criança recebe precisa ser coerente com sua formação. Ela precisa ter valores e princípios antes de ter conceitos e habilidades. Ninguém deve dar uma arma a uma pessoa que não reconhece os ricos de utilizá-la. A mídia tem feito exatamente isso. Imagens de estímulo à sensualidade e à violência passam o tempo todo diante dos olhos de nossas crianças. Uma geração inteira está sendo instruída para o mal enquanto os pais trabalham em seus empregos e distraem os filhos com computadores e jogos eletrônicos.
Adolescência, portanto, não é uma fase natural. Ela existe, mas é uma construção histórico-social. Há mudanças legítimas durante o desenvolvimento de uma pessoa, mas não problemas legítimos. Quando Deus disse Crescei e multiplicai, ele estava deixando claro dois princípios muito importantes: 1- maturidade é um processo. Na medida em que uma pessoa cresce, ela se torna progressivamente mais completa. Assim, uma criança de 5 anos é diferente em sua maneira de pensar e agir de um jovem de 15 ou de um adulto de 30 anos. Se durante seu crescimento, as crianças encontram referências estáveis em suas famílias, elas amadurecem naturalmente e sem adolescer. 2 – há habilidades destinadas a determinadas fases. Deus disse primeiro cresçam e depois multipliquem-se. Deus planejou não só momentos distintos de desenvolvimento, mas capacidades e tarefas específicas para cada um desses momentos. Assim, a puberdade é legítima, mas a adolescência como fase de problemas e patologias comportamentais não. A criança cresce passa por mudanças desde seu nascimento. A puberdade é um período de intensas mudanças e por isso traz implicações, crises, mas podem ser superadas naturalmente se forem conduzidas corretamente. O problema é que hoje, são atribuídos significados errados às mudanças físicas. O garoto deveria conceber o desenvolvimento de sua massa muscular como uma capacidade para o trabalho, mas por causa da cultura, ele aspira ser um “símbolo sexual”. A menina deveria compreender o crescimento dos seios como uma preparação para a maternidade, mas acaba aspirando apenas ter seios grandes e “atraentes”. Todas as mudanças planejadas por Deus têm um sentido espiritual e eterno, mas, no mundo, adquirem um sentido carnal e banal.
A puberdade implica em novas capacidades e conseqüentes responsabilidades. O mundo ressalta essas capacidades e atribui a elas um significado conveniente aos seus interesses. Cabe à família e à igreja conhecer o significado que Deus dá as capacidades que Ele concede na puberdade. É isso que nossos filhos precisam saber e experimentar. Deus que teceu nossos filhos, é o dono da verdade a respeito de tudo que eles têm. Deus também sabe quem eles são. Cada aspecto da identidade de nossos filhos pode ser descoberto em Deus. Eles não precisam conhecer o mundo. Também não precisam explorar seus instintos e dar vazão às suas vontades para saberem quem são. Eles precisam conhecer a Deus crescendo no ambiente de uma família onde Jesus Reina. A puberdade não precisa fazer adoecer. Ela pode ser um momento de descobertas maravilhosas sobre o propósito eterno e pessoal de Deus para cada um. Se conduzirmos nossos jovens a Jesus, eles não precisarão de 10 anos de adolescência para descobrirem quem são. Também não desperdiçarão o melhor de suas forças, entregando-se às paixões da mocidade. Serão fortes, vencerão o maligno e guardarão a Palavra.
A identidade tem elementos intrínsecos a natureza de cada um e outros que são adquiridos. Dar responsabilidades é um excelente instrumento de formação de identidade, de caráter. Deus age assim. Daniel e seus 4 amigos eram jovens, mas nem por isso, influenciáveis. Diante da pressão do rei Nabucodonosor para que se misturassem com os costumes babilônicos, eles permaneceram fiéis ao Senhor e não se contaminaram. Em nossos dias, quando os jovens se enchem de mundanismos, muitos dizem, “são só adolescentes”! Deus colocou aqueles jovens numa situação de grande risco. Fez eles passarem por enormes pressões. Foi assim que Deus fez daqueles jovens, homens capazes de assumir a responsabilidade do glorificá-lo no meio de babilônia. Com os discípulos não foi diferente. Com exceção de Pedro, todos eram jovens, de menor idade. Jesus selecionou aqueles garotos, os instruiu com Sua Palavra e os influenciou com Sua vida. Desafiando, mostrando e capacitando, Jesus os submeteu a tarefas difíceis e situações complicadas. Dessa forma, Jesus formou 12 homens que se tornaram 12 pedras fundamentais da igreja. Por que ao invés de subestimarmos nossos jovens oferecendo para eles um “evangelho gospel”, adaptado à adolescência, não os tratamos com homens e mulheres capazes de suportar pressões, vencerem o mundo e serem transformados pelo evangelho da cruz de Cristo? Nossos filhos não merecem que os privemos daquilo que pode realmente fazê-los felizes. Nosso dever é expor eles a Jesus, às coisas lá do alto e não daqui do mundo. Nossos filhos são esperados por Deus como servos fiéis para enviá-los pelas nações como embaixadores do Reino. Não podemos ter outra expectativa, não podemos esperar que eles sejam apenas jovens comuns. Deus quer jovens capazes de transtornar o mundo e não se adaptar a ele.
A rebelião é considerada uma característica da adolescência. Isso é tão forte e perigoso que norteia o comportamento da justiça em relação ao menor infrator. Quem é menor de idade comete crimes tão terríveis quanto os maiores, mas a sociedade dá mais liberdade que exige responsabilidade. Essa é uma das conseqüências da mentalidade adolescente impregnada na cultura ocidental. Ensina-se a liberdade para fazer o que se quer, mas não se ensina o peso das conseqüências do que se faz. Isso tem produzido uma juventude que se apega apenas a si mesma. Meninos e meninas sozinhos em seus instintos, vontades e conflitos se tornam rebeldes, incapazes de reconhecer o valor da obediência e da submissão. No mundo da adolescência rebelar-se é normal e, por muitos, incentivado. Mas o que é rebelião? De onde ela vem? Do coração de cada descendente de Adão. Todos nascemos rebeldes e crescemos assim até que o encontro com Jesus e o confronto com o evangelho do Reino nos leve ao arrependimento. A rebeldia não é uma característica normal. É pecado, afasta de Deus. Cabe aos pais levar os filhos a Jesus para que se arrependam e deixem de ser rebeldes. Se os pais não abrem mão dessa responsabilidade, seus filhos serão convertidos e portanto, não rebeldes. A autoridade dos pais é a dádiva de amor de Deus aos filhos. Filhos rebeldes precisam de pais submissos e cheios do Espírito que sejam referência de Deus para seus filhos. Pais que amam, ensinam e corrigem livrarão seus filhos da rebelião. Pais ausentes geram filhos abandonados a si mesmos, e por isso, entregues à própria natureza rebelde com todas as suas potencialidades. Pais presentes, mas que se omitem, geram a mesma realidade. Está na hora de pais converterem seus corações a seus filhos para que esses convertam seus corações a seus pais. Pais de corações convertidos aos filhos, são pais que direcionam suas vidas em favor de conduzir seus filhos ao Senhor. Filhos de coração convertido a seus pais, são filhos que andam na direção que os pais apontam. Há poder de Deus disponível para os pais, vamos utilizá-lo. Esse poder se encontra na Palavra, na Oração e na comunhão dos santos.
Está na hora de rejeitarmos terminantemente a adolescência assim como rejeitamos tudo o que é mundano, que se opõe ao plano original de Deus. Pais e pastores despertem para essa necessidade antes que seja tarde, antes que a adolescência faça adoecer todas as nossas crianças. Nossas famílias e igrejas precisam prover um ambiente cheio de Deus e de famílias onde Ele se manifesta e não cheio de programas. O evangelho adaptado perde seu poder. A cruz não precisa ser pintada de muitas cores para chamar a atenção de nossos filhos. Ela é poderosa com cor de madeira e de sangue onde o homem foi crucificado com Cristo e seus pecados perdoados. Tomemos como Paulo, a decisão de pregar a Jesus Cristo, e este crucificado e veremos nossos filhos rendidos ao Pai. Não queremos adolescentes, nem “oborrecentes” queremos apenas crentes, discípulos de Jesus. Portanto, vamos e geremos filhos, façamos discípulos.

* Esses dados foram retirados do livro “O DESAPARECIMENTO DA INFÂNCIA”, de Neil Postman, Ed.Graphia.

http://www.vidanaverdade.com.br/site/site.php?area=1&sub=1a&id=00075


O mito do cérebro imaturo dos adolescentes
Thomas Lickona
Todos nós conhecemos o enfoque pragmático dado à educação sexual: “É preciso apresentar a abstinência como a melhor opção; mas sejamos realistas e ensinemos também a usar o preservativo”.
A tal proposta, deveríamos responder: “Por acaso quando incentivamos os jovens a se absterem das drogas, também os ensinamos a praticar o 'consumo seguro de drogas’? Se estamos convencidos de que uma conduta é prejudicial para um indivíduo e para os demais, como sem dúvida alguma é o caso da promiscuidade sexual, devemos ensinar aos jovens a praticá-la de todas as formas, ou, antes, procuraremos convencê-los de que a nossa convicção é realmente o melhor para eles e para toda a sociedade?”.

De fato, é como se a educação na castidade já não tivesse bastante inimigos... Receio que ande solto pelo mundo um inimigo novo, que ameaça debilitar até mesmo o senso comum.

Esse novo perigo ameaçador é o mito do “cérebro adolescente”. Estou lendo um livro intitulado The Primal Teen: What the New Discoveries About the Teenage Brain Tell Us About Our Kids (“O adolescente primário: O que nos ensinam sobre nossos filhos as novas descobertas sobre o cérebro adolescente”). Nesse livro são citados os “especialistas no cérebro”, que afirmam coisas como esta: “Os adolescentes são afeitos a paixões mais fortes (…) porém sem freios, e talvez não cheguem a ter bons freios (ou seja, a maturidade do córtex pré-frontal, necessária para inibir a conduta impulsiva) até os 25 anos”.

Os adultos não são melhores

Faz alguns meses, participando de um congresso sobre continência, tive oportunidade de discorrer, durante um seminário, sobre as implicações das novas investigações no cérebro. Quando terminei minha exposição, levantou-se um médico que compunha a mesa da presidência, e disse: “Todos estes argumentos lógicos a favor da continência estão muito bem colocados, mas que eficácia teriam para um cérebro adolescente ao qual ainda faltam dez anos para completar seu desenvolvimento?"

Respondi-lhe  que se trouxéssemos a esse seminário cem jovens de 15 anos, apontados ao acaso, poderíamos alinhá-los, formando uma progressão contínua, desde os que nunca tiveram relações sexuais nem tampouco praticaram alguma insensatez, até os que mantêm relações sexuais várias vezes por semana, e se entregam a muitas outras práticas sexuais de alto risco. Todos esses cérebros teriam mais ou menos a mesma idade e o mesmo grau de maturidade do córtex pré-frontal. De onde viria, então, a grande variedade com respeito a comportamentos que exigiriam o controle dos impulsos? Acrescentei ainda que, quando eu próprio estava no secundário, nunca tive relações sexuais com a minha namorada, e isso não foi devido ao meu grau de maturidade cerebral, mas unicamente graças aos meus princípios morais e religiosos. Entre outras coisas, eu acreditava que era pecado mortal, e não estava disposto a prejudicar minha alma por isso.

De fato, pesquisas feitas nos Estados Unidos demonstram que os adultos de 35 a 54 anos incidem em diversos comportamentos perigosos em maior proporção que os adolescentes. É muito mais freqüente morrerem em acidentes automobilísticos, ou se suicidarem, ou se embebedarem, ou que dêem entrada nos hospitais por causa de overdose de drogas.

Críticas científicas

Começam a aparecer críticas científicas das teorias sobre o cérebro adolescente. Em setembro próximo passado, The New York Times (17-09-2007) publicou em sua coluna de opinião um artigo de Mike Males, investigador sênior do Center on Juvenile Justice (Centro de Justiça Juvenil) e fundador de Youthfacts.org.

Males dizia: “Um apanhado de informações jornalísticas anuncia com grande estardalhaço que a ciência pode explicar por que os adultos têm tanta dificuldade para se relacionarem com os adolescentes: alegam que os jovens têm cérebros imaturos, não desenvolvidos, que os impulsionam a comportamentos perigosos, detestáveis, irritantes para os pais. O que ocorre, porém, é que esse grupo de especialistas e responsáveis por setores públicos, que fazem tais afirmações, incorrem em exageros irresponsáveis e insensatos. Investigadores do cérebro, mais competentes, como Daniel Siegel (Universidade da Califórnia, em Los Angeles) ou Kurt Fischer (Programa Mente, Cérebro e Educação, de Harvard), advertem que os investigadores científicos estão apenas agora começando a averiguar como funcionam os sistemas cerebrais.
“Naturalmente, pretende-se usar a ciência do cérebro para definir políticas e métodos, mas o nosso limitado conhecimento do cérebro impõe muitas e sérias limitações a esse empenho. Achando-se ainda nos primórdios de sua história, a neurociência não tem condições de subministrar, de promover uma educação baseada no conhecimento do desenvolvimento cerebral”, afirma Siegel.

Robert Epstein, ex-director do Psychology Today (Psicologia Hoje) e chefe do setor de colaborações doScientific American, rebate as teorias do cérebro adolescente, afirmando: “Os adolescentes mostram-se tão capazes quanto os adultos, em um amplo espectro de qualidades. Já foi comprovado que superam os adultos em provas de memória, inteligência e percepção. A tese de que os adolescentes têm um ‘cérebro imaturo’, o qual necessariamente é causador de crises, resta totalmente desmentida se nos concentramos na investigação antropológica que se faz no mundo, hoje em dia. Os antropólogos encontraram mais de cem sociedades contemporâneas, nas quais a chamada crise da adolescência não existe. Aliás, na maioria dessas sociedades, nem sequer há uma palavra para designar a adolescência.

Subir de nível
“Mais contundentes ainda mostram-se os estudos antropológicos de longa duração, feitos em Harvard nos anos oitenta: revelam que a crise da adolescência apenas começa a surgir em uma sociedade à qual não interessava, até poucos anos, adotar o sistema escolar ocidental e sujeitar-se à influência dos meios de comunicação ocidentais. Por último, apresentam abundantes dados indicativos de que, quando se confere aos jovens verdadeiras responsabilidades e a possibilidade de interagirem com adultos, esses jovens aceitam prontamente o que é reto e o que é justo, deixando transparecer o ‘adulto que levam dentro de si’” (Education Week, 4-04-2007).

O mais lastimável erro que podemos cometer em matéria de educação – sem dúvida, o pior em educação do caráter e com respeito à castidade – é subestimar a capacidade de nossos alunos. Tenho uma amiga que agora é dirigente do movimento para educação na continência. Ela mesma conta que na sua adolescência era promíscua. Era tão maltratada em casa que cometia pequenos delitos só para poder desfrutar da relativa segurança que lhe oferecia o sistema prisional.

Ali foi vê-la, certa vez, um orientador, a quem ela se abriu com relação à insensata vida sexual que até então tinha levado. Ele a tratou respeitosamente e com carinho, animando-a a comportar-se com maior dignidade e mais disciplina daí em diante. Hoje ela se sente uma mulher feliz, é casada, mãe e educadora  respeitada. Como ela própria declara: “Que teria sido da minha vida se aquele orientador me tivesse dado um preservativo, em vez de acreditar no que eu podia, e ter confiança em mim?”

Com o apoio adequado, os seres humanos, quando se lhes propõem metas elevadas, tendem a esforçar-se para alcançá-las. A castidade é difícil, como tudo o que vale a pena na vida. É hora de que todos unidos, escolas e genitores, subamos de nível.



http://www.portaldafamilia.org/artigos/artigo676.shtml

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