quarta-feira, 16 de julho de 2014

Governo americano e nazistas VS Comunistas


nazicia 1 nurembergAbril de 1945. Os aliados invadiram os campos de concentração nazistas e o mundo teve o primeiro vislumbre dos horrores imposto pelo regime de Adolf Hitler. Em Nuremberg os aliados processaram os líderes nazistas por crimes contra a humanidade. Os mais perigosos criminosos de guerra foram levados a justiça, mas não todos. "Há o mito de que os nazistas, essas pessoas terríveis cometeram esses crimes e, após 1945, desapareceram. Isso náo é verdade. A verdade é que milhares de ex-nazistas, entre os quais, muitos criminosos, foram trabalhar para o governo americano. Sem o conhecimento da população.
Durante a guerra seus crimes incluiram supervisionar campos de trabalho escravo e ordenar a morte de crianças órfãs. Após a guerra seus nomes constaram na folha de pagamento americana como cientistas nos Estados Unidos ou agentes da inteligência na Europa. O governo americano estava querendo usar genocidas, protege-los da justiça, escondê-los do povo americano. Documentos governamentais revelados no final dos anos 1990 indicam que muitos ex-nazistas que espionavam para os Estados Unidos na Europa forjaram informações. Alguns trabalharam como agentes duplos para a União Soviética.
Mas a quem diga que essa estratégia secreta americana, mesmo com falhas, era a única forma de vencer a guerra fria. É um jogo duplo. As veze tem de fazê-lo por uma causa maior. Era a política americana contratar quem pudesse dar informações úteis, fosse criminoso ou não. Até onde o governo americano foi para encobrir os crimes desses recrutas? E 60 anos depois será que os americanos sabem de toda a verdade? Els podem dizer que revelaram tudo mastemos de confiar no governo para acreditar. Foi um escândalo, um dos maiores da história da inteligência americana.
Alemanha, primavera de 1945. Os aliados estavam prestes a derrotar a máquina de guerra nazista. Para muitos altos oficiais de Hitler a prioridade era sobreviver. Somente nos últimos meses de guerra, os membros da SS começaram a oferecer ajuda aos americanos. Claro que fizeram isso porque sabiam que iriam perder.
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O general Gehlen, de 43 anos, foi um dos que resolveram ajudar. Ele era um oficial do estado-maior. No final da guerra, foi o general de divisão do exército alemão. Foi diretamente responsável pelo grupo analítico do exército alemão que estudou as forças Soviéticas. O general Gehlen sabia melhor do que ninguém que o fim estava próximo. Com a frente oriental sucumbindo ele só levava más notícias ao fuhrer há meses. Quando previu o final, contou a verdade a Hitler sobre a situação no leste. Mas Hitler não queria ouvir.
Em 9 de abril de 1945 Hitler destituiu Gehlen de seu posto. Naquele mesmo mês reuniu secretamente os conselheiros mais próximos para colocar em prática sua estratégia pós-guerra. Nós pegaremos nossos arquivos, os mais valiosos da União Soviética, faremos cópias e os enterraremos em lugares diferentes. Tudo deviaser copiado. Ele fezisso para ter algo para barganhar com os aliados ocidentais. Ele percebeu que o conflito ideológico entre Ocidente e Oriente escalava. Ele queria tirar vantagem do fato.
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Com os arquivos da inteligência nazista ocultos nas montanhas da Bavária, Gehlan se entrogou as autoridades amricanasem 22 de maio de 1945, duas semanas após a rendição de seu páis. E solenemente anunciou que poderia fornecer ao governo americano informações inéditas sobre os soviéticos. Mas os oficiais só perceberam a sua importância depois que um jovem capitão do exército o interrogou. Um capitão chamado John Boker identificou Reinhard Gehlen em um centro de interrogatório. Ele sabia que os interesses dos EUA e da URSS conflitavam e sentiu que era a hora de absorver o que os alemães sabiam sobre os soviéticos.
Boker interrogou os oficiais alemães durante meses. O que ele descobriu ja era conhecido por muitos no alto escalão do geverno americano. Apesar das promessas o desejo do ditador soviético Josef Stalin de espandir o comunismo pela europa era insaciável. Quando o general Gehlen enfatizou que a ameaça soviética ao ocidente crescia o capitão Boker concordou. Gehlen sabia manipular nossos temores com relação a URSS. Ele disse a Boker o que ele queria ouvir, que os soviéticos eram uma grande ameaça, que tinham um desejo insaciável por terras e que ele, Gehlen, era perito no assunto.
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Meses após a rendição, as informações enterradas por Gehlen nos alpes foram recuperadas. Enquanto os analistas da inteligência americana trabalhavam nos arquivos, autoridades do pentágono decidiram trazer Gehlen e seus subaternos aos EUA.


Teoria: Estados Unidos recrutam criminosos de guerra


14 de agosto de 1945, os japoneses se rendem incondicionalmente. A segunda guerra mundial termina. Dez dias depois Gehlen e seus subalternos são levados aos EUA disfarçados de cidadãos americanos. Seria um desastre político se o povo soubesse, pensariam que estávamos trazendo um bando de nazistas. Era uma época quem que se queria enforcá-los ! E lá estávamos, trabalhando com esse general alemão. Gehlen afirmou jamais ter sido membro do partido nazista mas sabia que sua função de general no TErceiro Reich poderia levá-lo a julgamento em Nuremberg.
Logo após a chegada a Fort Hunt, na Virgínia, o general se dedicou a modificar a sua imagem diante dos colegas americanos. Quando estava em Fort Hunt, ele criou essa lenda sobre side que não era nazista, só um espião que naquele momento era um anticomunista perito em espionagem que queria trabalhar para a causa. Segundo o escritor Cristopher Simpson, Gehlen fez mais do que coletar informações. O ex-general foi responsável por maus tratos aos soviéticos nos campos nazistas para prisioneiros de guerra.
Havia pessoas sob o comando de Gehlen interrogando pessoas nos campos e oferecendo a escolha entre a vida e a morte. Em outras palavras: Se nos der informações você come, senão, morre. Enquanto os oficiais americanos decidiam o que fazer com o cúmplice de Hitler, Gehlen percebeu que os crescentes ataques soviéticos ao leste europeu ja haviam elevado o seu valor. A opinião sobre Gehlen mudou no período. A guerra fria a fez mudar. Stalin fez vários movimentos ameaçadores em 1945 e 1946que acaloraram o debate sobre o futuro das relações da URSS. De repente se percebeu que não eram confiáveis. Isso assustou.
Em 1945 a falta de espiões que pudessem conseguir informações sobre a URSS levou Washington a trabalhar com Gehlen. Peritos foram entrevistados, peritos da época. Não se tinha muitas informações sobre o Leste Europeu e a URSS. Como resultado os EUA deixaram de caçar os nazistas e passaram a corteja-los. Unidades de contra-inteligência caçavam criminosos de guerra eao mesmo tempo recrutavam pessoal para trabalhar contra a URSS. Robert Livingston, agente da inteligencia diz que quando se apresentou para o serviço, na Austria, na parede havia um cartaz: "Prisão automática para membros do partido nazista e afiliados". SE essas pessoas fossem encontradas deveriam se presas. Robert perguntou: "E o cartaz?" Foi lhe dito: "Esqueça, vamos caçar comunistas agora."
No verão de 1946 Rainhard Gehlen retornou a Alemanha, o ex general de Hitler estava trabalhando para os EUA. Sua missão era recrutar agentes que pudessem obter informações recentes sobre os soviéticos. Quase todos os agentes recrutados por Gehlen eram ex-nazistas. Alguns eram conhecidos criminosos de guerra. Agora todos estavam na folha de pagamento dos EUA. Gehlen quis se tornar importante o mais rápido possível, ele sabia que sua vida dependia disso.
Na Alemanha, Gehlen se tornou a principal fonte de inteligência americana sobre os soviéticos. Mas seria possível confiar em um ex-general nazista? Essa dúvida assombrou os oficiais da inteligência americana durante anos. Enquanto isso os EUA formavam outra aliança aliança secreta com ex-nazistas. A idéia original era usar a ciência alemã. Dai surgiu o projeto "Paperclip".
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Setembro de 1946. Um ano se passara desde que Rainhard Gehlen, ex-general nazista, começou a trabalhar secretamente para os americanos. Ex-ceintistas e engenheiros nazistas também foram trazidos aos EUA e inseridos na folha de pagamento do governo. Tratava-se de uma operação ultrasecreta conduzidas pelos chefes do estado maior sob o codinome "Poperclip". O nome do projeto faz alusão aos clips usados nos arquivos dos novos recrutas alemães. O objetivo do projeto era trazer cientistas alemães aos EUA eusar suas habilidades. Eles trabalhariam para os militares dos EUA.
Segundo as diretrizes do presidente Henry Truman, criminosos de guerra deveriam ser excluidos do programa. Mas para os chefes do estado maior essa restrição dificultaria o recrutamento de cientistas nazistas antes que os soviéticos o fizessem. Os históricos estavam chegando e alguns deles violaam a política de Truman. Tratando-se de centenas de cientistas você nao investiga a fundo cada um. As pessoas vinham com seus registros, pareciam maus, pareciam bons, deixavam o cara entrar.Eles simplesmente alteraram os arquivos e enviaram dossiês adulterados para o governo.
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Um dos arquivos manipulados foi o de Arthur Rudolph. Ele ficou famoso com diretor de projeto "Saturn Five Rocket" que ajudaria a levar o homem a lua. Rudolph foi diretor operacional da fábrica Mittelwerk numa caverna, na montanha Konstein. Sua função era supervisionar a produção do míssil V-2. E para fazer isso, ele teve a idéia de usar membros do campo de concentração. Rudolph esplorava regularmente centenas de prisioneiros do campo de concetração Dora, colocados para trabalhar em seu projeto. A ventilação éra precária. No inverno eles congelavam. A poeira das explosões contaminava o ar. Os prisioneiros em Mittelwerk pereciam aos montes por causa das condições desumanas e por causa dos abusos físicos dos civis dos guardas da SS.
Tudo isso aconteceu sobre a supervisão de Rudolph. Ele controlava a comida e as condições de trabalho dessas pobres pessoas. Foi responsável por tudo. Peritos estimam que 20 mil pessoas tenham morrido em Mittelwerk. Apesar dos crimes de guerra, Rudolph foi recrutado pelo exército americano. A avaliação oficial dizia que era 100% nazista, perigoo e sugeria que fosse preso. O fato é que, em vez disso, foi empregado.
No fnal de 1946, sem o conhecimento do público o governo americano posuia dois grandes projetos conduzidos por ex nazistas. Pelo projeto "Paperclip" ex-cientitas foram trabalhar em várias bases americanas. Ao mesmo tempo no leste europeu a organização do general Gehlen envia informações novas sobre a URSS. A organizaçõa empregava centenas de agentes, muitos ex-nazistas. Seu orçamento provido pelo Pentágono era de 500 mil dólares, mas Gehlen trabalhava praticamente sozinho. O exército americano monitorando essa organização, com duas pessoas, só isso.
Como no projeo "Paperclip", a rede de espiões de Gehlen também abrigava criminosos de guerra. Ele prometera não recrutar criminosos de guerra. Entretanto, as "engrenagens" do Holocausto faziam parte da Organização de Gehlen. O exército americano não estava interessado em contestar as práticas de recrutamento de Gehlen. Ele disse ao Exército que não recrutava criminosos de guerra. Era um casamento de conveniência, um acordo bem oportuno para Gehlen.
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Entre os recrutados por Gehlen ninguém era mais notório e odiado pelos sobreviventes do holocausto do que Klaus Barbie. Ex-capitão da Guestapo, ele também era conhecido com o açougueiro de Lyon. Michel Thomas, um combatente da resistência francesa conheceu de perto as táticas de Barbie na guerra. Em uma ocasição Thomas soube de seus planos para as crianças judias de um orfanato próximo a Lyon. Ele conta: "E Barbie, é claro, havia invadido a casa, prendeu todas as crianças e com a ajuda foram todos deportados para Auschwitz e para a morte. Típico."
Quando a guerra acabou Brabie se reinventou com perito em inteligência soviética. Após um breve período na organização de Gehlen ele foi recrutado pela Divisão de Contrainteligência do Exército americano conhecida como CIC. O açougueiro de Lyon trabalhou na obscuridade até o final dos anos 1940, quando os franceses pediram sua extradição da Alemanha. Uma crise política na França da Europa, para escondê-lo. Com a ajuda de oficiais americanos Barbie foi levado a Bolívia onde viveria confortavelmente pelos 30 anos seguintes.
Esses ex-nazistas pareciam ser preciosas fontes de informação durante a guerra fria. Mas documentos revelados pelo governo no final dos anos 1990 contesta a exatidão das informações reportadas por Gehlen e sua rede de espiões. Eles exageraram a natureza má do regime de Stálin, adulteraram relatórios, mobilizando forças na Alemanha Oriental que cruzaria a fronteira e atacaria a Europa Ocidental a qualquer momento. Porquê? Se os soviéticos não fossem atacar, por que precisariam de Gehlen? Os oficiais americanos nunca questionaram adequadamente as informações de Gehlen.
Houve uma série de alarmes dada por Gehlen no outono de 1947 e início de 1948. Alguns eram confiáveis, outros não. O alarme confiável foi que havia muita tensão na Tchecoslováquia na época. Em 1948, apesar das promessas de Stalin em contrário, os soviéticos derrubaram o governo eleito da Tchecoslováquia e instalarm o regime comunista. Enquanto Washington assistia alarmado o golpe de estado Gehlen tentou piorar ainda mais a situação. O que Gehlen disse sobre a crise Tcheca foi que as tropas soviéticas na zona oriental não estavam cansadas nem mal equipadas. Em vez disso estavam descansadas, bem equipadas e posicionadas para um ataque relâmpago ao Ocidente.
O general Lucius Clay, comandante americano na Alemanha recebeu as informações de Gehlen. Quando Clay começou a juntar as peças vendo a crise política na Tchecoslováquia e as alegações sobre as intenções soviéticas, comunicou suas preocupações aos EUA através de um famoso telegrama que serviu para informar que a guerra com os soviéticos era eminente. Mas o escritor Cristopher Simpson afirma que documentos antes secretos indicam que a ameaça foi superestimada. Ficou se sabendo, pela própria inteligência do Exército que a informaçõa de que eles atacariam em breve era falsa, não era sustentada pelas evidências que tinham.
A informação pode ter sido falsa, mas serviu ao propósito de Ghelen de manter a inteligência americana focada na ameaça soviética. No final dos anos 1940, o ex-general alemão Reinhard Gehlen gozava de um prestígio quase inabalável como espião dos EUA, quase sem supervisão do exército americano. Mas isso estava prestes a mudar. A CIA sentiu que se nãoos controlasse, algúem iria. Era absolutamente necessário. Cercar, conter e penetrar esse monstro Frankenstein.
Desde o fim da guerra o ex-general Ghelen vinha desenvolvendo uma rede de espionagem na Alemanha Ocidental sob as ordens do Exército americano. A recém criada Agência de Ingeligência, a CIA, estava pronta para assumir a organização de Ghelen. Enquanto isso o governo americano ocultava do público a extenção do envolvimento de ex-nazistas em operações americanas de inteligência. O pecado original da CIA foi ter incorporado espiões nazistas à inteligência americana. E tudo foi feito sem o conhecimento do povo.
Na verdade os agentes da CIA ja estavam cientes de que Gehlen estava recrutanto criminosos de guerra sob a relaxada supervisão do exército americano. O exército queria informações, sobre a movimentação dos soviéticos na Alemanha ocupada. Contanto que Gehlen continuasse informando o exército ignorava a questão do recrutamento. Os oficiais da CIA perceberam que precisavam exercer maior controle sobre Gehlen.
http://oarquivo.com.br/oarquivo-historia/5241-conspiracao-a-cia-e-os-nazistas-parte-1


nazicia 9Na primavera de 1948 designaram um jovem coronel do exército para investigar sua vasta investigação. A CIA enviou James Critchfield (foto acima) para investigar Gehlen. Cristchfield retornou e disse que a CIA deveria assumir a organização de Gehlen. Durante uma entrevista a BBC em 1992 o ex-coronel explicou porque disse a CIA que ainda precisava de Gehlen e sua vasta rede de espionagem: "A razão que consta no meu relatório de dezembro de 1948, para assumir a Organização era a deque não tinhamos escolha. Não tínhamos peritos em assuntos soviéticos."
Mas a CIA estava a par do perigo que Gehlen representava. A CIA notou que a organização crescera tanto que ameaçava a democracia da Alemanha Ocidental. Não se tinha escolha. Podia-se trabalhar com ela, controlá-la e usá-la. Ou ela se voltaria contra os EUA. E mais uma vez a escalada dos ataques soviéticos ajudou a melhorar a situação de Gehlen no exército americano. Em junho de 1948 Stalin impos um bloqueio a Berlim Ocidental com a intençao de deixar a população faminta e impor o regime comunista. Aviões americanos entragavam alimentos e suprimentos médicos na cidade. Quase um ano depois Stalin finalmente recuou. A crise em Berlim espalhou o receio no Ocidente de que a guerra contra o soviético era eminente.
Foi nessa atmosfera que a CIA decidiu manter a organização de Gehlen. O coronel Critchfield exigiu maior controle sobre as práticas de recrutamento, mas logo percebeu que o ex-general do TErceiro Reich tinha uma agenda própria. Gehlen disse: "Ok, vou dar o que quer." Quando ficou claro que a CIA assumia a Organização de Gehlen a máscara caiu e ele disse: "Vocês me entenderam mal. Não posso lhes dar os nomes das pessoas que contrato seria contra a tradição alemã." Gehlen também contestou os supervisores americanos lembrando que eles pouco sabiam sobre como conduzir uma operação de inteligência na Europa. Ele disse: "Vocês são tão ingênuos. Os europeus espionam há séculos. Vocês tem de acreditar que sei dirigir uma organização de inteligência."
No final a tentativa da CIA em controlar a organização de Gehlen foi tão frustrada quanto a do exército. Em 1949 em respota aos ataques de Stalin ao leste europeu os EUA e mais 11 paises europeus, incluindo mais tarde a Alemanha Ocidental, formaram a organização do tratado do atlântico norte, a OTAN. Qualquer agreção a um pais membro seria considerada um ataque a aliança.
Como a organização de Gehlen transmitia informações que fluiam do Oriente para o Ocidente, tornou-se o alvo principal de espiões soviéticos que procuravam infiltrar-se na aliança da OTAN. Era difícil para os soviéticos no pós-guerra penetrar no governo americano. Mas poderiam entrar na organização de Gehlen e conseguir segredos da OTAN. Um método utilizado pelos soviéticos para a acessar os segredos da organização de Gehlen foi chantagear os ex-nazistas, forçando-os a trabalhar para a União Soviética. Eles usaram o que sabiam sobre as pessoas da organização de Gehlen. Eles disseram: "Sabemos o que fizeram na Guerra, se não trabalharem para nós, vamos entregá-los." Como consequêcia, muitos dos homens de Gehlen tornaram-se agentes duplos e espionaram os EUA e a OTAN para os soviéticos.
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O pior deles foi Heinz Felfe (foto acima)cuja traição expôs centenas de espiões. Ele esteve na SS durante a segunda guerra. Ele prosperou na organização de Gehlen, tornou-se chefe de operações contra a URSS e trabalhava para os soviéticos. Isso significa que toda a operaão de Gehlen na zona soviética foi comprometida pro Felfe. Documentos antes confidenciasis, indicam que a CIA espionava a organização de Gehlen desde 1949. Vários agentes da CIA nunca quiseram trabalhar com ele. Continuavam a dizer que Gehlen era um erro.
Embora estivesse ciente dos perigos que Gehlen representava a CIA não fez nada para evitar a contraespionagem na organização dele. Segundo o escritor Timoty Naftah, ambas as partes foram responsáveis pelo fato. A culpa era de Gehlen e da CIA, basicamente pela inépcia em controlar Gehlen. Na verdade a CIA só prendeu Heinz Felfe em 1961 como agente da KGB. No inicio dos anos 1950 a CIA continuava a examinar relatórios sobre a infiltração soviética na organização de Gehlen. No entanto, até o críticos mais severos, reconhecem que Gehlen foi bem sucedido em um ponto: através dos seus esforços a Alemanha Ocidental pode criar o próprio serviço de inteligência.
Em 1956 a organização transformou-se oficialmente no Serviço de Inteligência da Alemanha Ocidental conhecido como BND. Alguns dizem que Gehlen sempre foi um alemão leal e que esse foi o seu objetivo desde o começo. Ele havia conquistado o que queria. Tornou-se uma figura importante na história alemã. Mas o verdadeiro preço de utilizar a organização de Gehlen e cientistas ex-nazistas só seria revelado 40 anos depois.
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Nos anos 1970 alguns americanos começaram a questionar a presença de ex-nazistas em seu país. O que essas pessoas fazem nas praias dos EUA? Quantos americanos lutaram na segunda guerra mundial? O sacrifício deles virou piada com os homens de Hitler nos EUA, gozando de segurança e liberdade. Na primavera de 1974 a deputada novaiorquina Elisabeth Holtzman (foto acima) soube da história dos ex-nazistas trazidos aos EUA para trabalhar em projetos de defesa. Um especialista em assuntos de imigração veio Elisabeth e contou a história de que o governo tinha uma lista de ex-nazistas vivendo nos EUA e não fazia nada a respeito. A reação de Elisabeth foi de incredulidade. É loucura...Impossível !
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Ela contatou imediatamente o chefe do serviço americano de emigração Leonard Chapman (foto acima). Ela disse a ele: "É verdade que ha uma lista de ex-nazistas vivendo aqui?" Ele respondeu que sim. Ela quase caiu da cadeira pois não esperava que fosse verdade. Holtzman lançou uma campanha para mudar a lei americana de imigração. Em 1978 o congresso aprovou sua emenda que proibida a entrada de criminosos de guerra nazistas e ordenava a deportação dos que estavam no país. Naquele mesmo ano o Departameto de Justiça americano ganhou uma divisão de investigações especiais a OSI.
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O objetivo da OSI é achar evidências de nazistas criminosos de guerra vivendo nos EUA e trazê-los a justiça. Em 1980 o advogado Eli Rosenbaum (foto acima) entrou para a OSI.
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Seu primeiro grande caso foi o de Arthur Rudolph (foto acima), ex-engenheiro nazista trazido aos EUA para trabalhar no projeto "Paperclip". Nos EUA Rudolph era quase um herói. Era um dos principais oficiais da NASA responsável pela contrução do "Saturno 5",o foguete que levou o homem a Lua, em 1969. Rosenbaum estava convencido de que Rudolph tinha um passado nefasto. Décadas antes, Rudolph havia explorado os membros do campo de concentração Dora na tentativa de aperveiçoar o foguete alemão V2, usado contra os aliados na europa.
o usode trabalho escravo viola as leis de Nuremberg. É um crime contra a Humanidade. Rudolph deveria tersido processado criminalmente após a guerra, mas não foi. Rudolph e Rosenbaum se encontraram em 4 de fevereiro de 1983. Em uma entrevista gravada, Rosenbaum tentou levar Rudolph a admitir a culpa, a seguir alguns trechos da conversa:
Rosenbaum: "Não lhe ocorreu que poderiam lhe mandar prisioneiros?"
Rudolph: "Podem ter sido prisioneiros, sim.
Rosenbaum: "Deve ter pensado: Quem fará os foguetes? Afinal iam trabalhar para você.
Rudolph: "Sim, mas a situação era confusa na época."
Rosenbaum: "Em Mittelwerk, os que trabalhavam na produção tinhamum tipo de emblema, um pano costurado para distingui-los...
Rudolph: "Por favor, não me lembro."
Rosenbaum: "Não se lembra de uma estrela amarela, como a de David?"
Rudolph: "Não"
Rosenbaum: "Não lembra?"
Rudolph: "Não, não."
Rudolph trouxe essas pessoas para esse "buraco" sabendo das condições cruéis que enfrentariam, não se preocupou com a saúde nem com a vida delas. Apesar das negações de Rudolph, Rosenbaum e a OSI acreditavam possuir evidências suficientes para processar o ex nazista. A OSI processou Rudolph e ele deixou a nação, sendo deportado pelos crimes que cometeu. A OSI continua a caçar nazistas que moram nos EUA, mas a história completa do uso de ex-nazistas na inteligência americana durante a guerra fria permaneceria confidencial por mais 20 anos.
A antiga URSS havia aberto seus arquivos e os EUA, o país da liberdade, da democracia ainda mantinha total segredo. Em meados dos anos 1980, novas questões surgiram sobre o uso de ex-nazistas em operações científicas e de inteligência. A partir de 1984 a escritora Mary Ellen Reese passou seis anos pesquisando Reinhard Gehlen e seus laços com a CIA. Um antigo ofical da CIA disse a ela que tinham documentos sobre Gehlen que queriam que ninguém visse. Na década seguinte, mesmo com a queda do muro de berim e o desmembramento da união soviética a CIA não quis revelar seus arquivos.
Em 1998 o Congresso aprovou a Lei de divulgação de crimes de guerra nazistas apoiada apoiada pela depuda Carolyn Maloney. A Lei determinava que a CIA revelasse detalhes sobre sua relação com ex-oficiais do Terceiro Reich, inclusive REinhard Gehlen. Maloney disse: " Eles insistiram em manter uma cláusula dizendo que tudo que é concernente a segurança nacional não pode ser revelado. Ja passaram 50, 60 anos da II Guerra Mundial." Em 08 de outubro de 1998, a Lei foi aprovada pelo presidente Clinton. Nos seis anos seguintes, 8 milhões de documentos da CIA, Exército e outras agências governamentais foram revelados. Fo a maior divulgação de informações secretas da história americana.
O perito em guerra fria Timothy Naftali examinou documentos relativos a organização de Gehlen e ficou chocado com o que descobriu. Ele disse: "Quando a CIA finalmente analisou suas operações descobriu que 90% delas era lixo. OU eram fraudes, não existiam ou a informação não tinha valor." Naftali e outros acreditam que as informações informações falsas prejudicaram os EUA. Os EUA pagaram um preço algo por acreditar em Gehlen. Parte do preço foi proteger criminosos nazistas e outra foi não cumprir a obrigação do Tratado de processar os criminosos de guerra. Dois terços das informações fornecidas a OTAN vieram da Organização de Gehlen. Eles foram importantes na Guerra fria e tiveram um papel negativo ao influenciar a URSS de uma maneira ruim para ambas as nações, mas útil par Gehlen e os nazistas.
Os críticos também questionam se engenheiros com o ex-nazista Arthur Rudolph realmente contribuiram para o progresso científico americano. Rudolph era um administrador competente de grandes empresas científicas. Ele era um tipo de presidente. Sabia dirigir uma empresa. Ja a alegação de que os EUA precisavam dele, não há evidências disso.
O combatente da resistência francesa e sobrevivente do holocausto Michael Tomas foi recrutado em 1945 pela inteligência americana. Ele estava com a stropas aliadas na libertação do campo de concentração Dachau em 29 de abril de 1945. Ele diz: "Nunca deveríamos er considerado, pensar em trabalhar com os nazistas, com a Gestapo. Era parte da missão prendê-los e ver se finalmente a justiça seria feita. Não sei se há uma jutiça humana para crimes tão desumanos."
Mas para muitos agentes que atuaram sob a real ameaça de guerra comos soviéticos foi um decisão entre os menor dos males. Em 1946, Robert Livingston era membro da divisão de inteligencia do exército, A CIC. Estacionada na Austria sua unidade reunia informações gerais sobre atividades soviéticas. O entuniasta do elo entre Gehlen e a CIA, James Critchefield defendeu a colaboração do ex-general nazista até sua morte em 2003. Critchefild diz: "Foi um período emque informações decidiam vidas. Não houve questionamento sobre o valor delas naquela época." Ele lembrou aos críticos que a organização de Gehlen criou um serviço de inteligência na Alemanha Ocidental que serviu aos aliados durante a guerra fria,
Cristopher Simpson recohece o fato mas contesta o fato de trabalhar com Gehlen. Ele diz: "Muitos dizem que a colaboração dos nazistas não foi ruim, que os EUA ganharam em termos de informações, tiveram vantagens ao lidar com o Leste Europeu e a URSS. Acho que é tudo mentira. A decisão de trabalhar com genocidas é por sí só corrupta. As instituições destinadas a conseguir informações também podem adulterá-las. Temos uma situação em que o governo simultaneamente depende das informações e não pode contar comelas, pois podem estar erradas."
Mas em tempos de guera a necessidade de informações pode derrubar a ética. "Hoje enfrentamos o mesmo problema no Iraque. Para quem trabalhamos? Para os honestos? Há poucos deles. Julgar a posteriori é mais facil do que na hora com um problema concreto. Você é um agente, seu chefe diz que precisa de informações sobe X,Y e Z. Isso é que se tem de fazer neste grande jogo político", diz Linvingstone.
Mais documentos estão sendo revelados graças a Lei de divulgação de crimes de guerra nazistas. Mas a história completa da relação entre Gehlen e a inteligência americana talvez nunca seja conhecida. Timothy Maftali diz:"Se sabemos tudo? Não. Nunca vi os aruqivos da CIA. Nenhum de nós viu."
Fonte: Documentário "Conspiração? A CIA e os Nazistas"
https://www.youtube.com/watch?v=A8S-ESZ9g_c
Compilação em forma de textos e imagens, Renato Corrêa Bicca, gestor de conteúdo do Portal O Arquivo.

http://oarquivo.com.br/oarquivo-historia/5242-conspiracao-a-cia-e-os-nazistas-parte-2

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