sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Academia de Cabala. Parashá 49 - Ki Tetsê ("Quando saíres")

"Quando saíres à guerra contra os teus inimigos, e os entregar o Eterno, teu Deus, em tuas mãos, e deles levares cativos, e vires entre os cativos uma mulher formosa, a desejares e a tomares para ti por mulher, então trarás para dentro de tua casa, e ela rapará a cabeça e deixará crescer as unhas, e tirará o vestido do cativeiro de sobre ela, ficará em tua casa e chorará a seu pai e a sua mãe um mês, e depois estarás com ela, desposá-la-ás e será para ti por mulher" (Devarim 21:10-13)
Ki Tetsê e Ki Tavô (a parashá da próxima semana) se referem a dois momentos da vida: o nascimento e a morte. "Quando saíres" e "Quando entrares", aparentemente, sugere que estudaremos a morte antes do nascimento, mas, do ponto de vista da Torá, a referência é "quando saíres do mundo espiritual para ingressar no mundo físico" e "quando entrares no mundo espiritual depois de uma existência física".
A parashá começa falando de guerra. Que guerra seria essa? Vivemos diferentes tipos de guerra hoje em dia e já não podemos nos dar o luxo de dizer que se trata de algo longe de nós.
Mas a Torá é um livro de códigos. A guerra que o Eterno incentiva não é uma guerra contra o nosso semelhante, nada que tenha como fundamento questões econômicas, políticas ou religiosas. A única guerra na qual devemos nos empenhar é contra a força assediadora, contra a má inclinação - uma guerra que não se dá em ambiente externo, mas dentro de cada um de nós.
Ki Tetsê se refere ao ingresso da alma no mundo físico no momento do nascimento. A mulher desposada nada mais é do que aNéfesh, o corpo físico, que será intensamente testada até a ocasião do bat mitsva (mulheres, aos 12 anos) ou bar mitsva(homens, aos 13 anos).
Mais adiante temos: "Quando um homem tiver duas mulheres, uma amada e a aborrecida, e for o filho primogênito da que o aborrece" (Devarim- Deuteronômio 49:15). Se a mulher representa a Néfesh, a mulher amada se refere à auto-imagem consciencial ou aquele que deveríamos ser; logo, a mulher que aborrece se refere à auto-imagem residual ou aquele que você acredita ser.
Ter um filho primogênito da segunda é um problema, pois o primogênito é aquele que dá continuidade à nossa obra (por isso a morte dos primogênitos no Egito ter sido um golpe tão duro) e se ele foi concebido pela mulher que aborrece, isto significa que ele destaca os nossos aspectos inferiores.
Ainda trabalhando sobre os códigos, filho é sempre o fruto de nossas ações - boas ou más, conscientes ou não. Ser contumaz e rebelde, glutão e beberrão, reforça a presença de um comportamento reativo e do desejo de receber só para si, ou seja, tudo o que devemos evitar.
A seguir temos outra expressão já devia ter sido estudada antes, que é o apedrejamento como forma de punição. Em parashiót passadas encontramos recomendação semelhante para aquele que viola Shabat e isso soa muito estranho sem o devido entendimento.
Toda a vez que a Torá fala de apedrejamento indica-se a necessidade de lapidação, pois a pessoa deixou de ouvir a voz do pai (Chochmá - Sabedoria) e da mãe (Biná - Entendimento). Ao ser levada ao tribunal, evoca-se a energia de Guevurá(Julgamento) e, conseqëntemente, de correção.
O detalhe final fica por conta da frase "e eliminarás o mal do meio de ti; e todo Israel ouvirá e temerá" (49:21). Fica claro aqui que se trata de um processo interno, pois o mal será eliminado "no meio de ti" para que Israel alcance o verdadeiro entendimento ("ouvir" como atributo de Biná).

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