Retenha o que for proveitoso.
Como já aprendemos com os sábios da Cabalá Contemplativa, quando a Luz do Mundo Infinito criou o mundo manifesto, criou um receptáculo completo para conter todas as bênçãos oriundas desta mesma Luz. Este receptor chamava-se Adam. Adam conteria um nível de consciência como nunca foi visto em toda a história do mundo manifesto. Adam também seria o condutor através da qual a Luz do Mundo Infinito seria canalizada e compartilhada. Nos primeiros instantes da Criação, Adam era “macho” e “fêmea”, e dentro de Adam havia todas as almas que um dia encarnariam no mundo manifesto. E essas almas eram também “macho e fêmea”. E é assim que somos constituídos, tanto física como espiritualmente, equilibrando os dois aspectos. Após a queda do homem original, resta-nos uma importante missão: reunir os aspectos opostos da alma dentro da consciência.
Rav Avraham Abuláfia nos ensina que o encontro desta alma gêmea original só poderia ser encontrada mediante a junção das almas “masculina” e “feminina” que habita em cada um de nós. Mas quando o aspecto feminino foi separado do masculino, Chavá começou a existir como sendo uma entidade independente. Chavá está concentrada essencialmente em biná (na forma da neshamá) e malchut (na forma da néfesh). A parte mais densa de Chavá se separou dos aspectos mais elevados da Árvore da Vida. Em outras palavras, o mundo manifesto (Chavá) se “divorciou” do mundo espiritual (Adam).
Adam tornou-se a inteligência das partes masculinas da alma (keter, chochmá, chessed, netzach, yessod) e Chavá tornou-se a inteligência das partes femininas da alma (biná, guevurá, tiferet, hod, malchut). Quando Adam Kadmon (que compreendia a totalidade) era o receptor para a Luz do Mundo Infinito, sua capacidade de receber era ilimitada, e uma enorme intensidade da Luz se refletia no mundo manifesto. Porém depois da queda e da corrupção da alma, Adam deixou de se ver como um canal receptor (cabalista) - ele canalizava somente o que sua auto-imagem residual (ego) lhe indicava que era capaz de receber. O Homem não mais se percebeu como unicidade e perdeu sua consciência espiritual completa, neste momento o mundo caiu na escuridão e a porção masculina se separa da porção feminina da alma. Pelo fato de o aspecto feminino ter sido criado em equilíbrio espiritual com o aspecto masculino, Chavá não podia ser maior que a natureza espiritual de Adam, e por isso, a Luz em malchut(MUNDO FISICO)igualmente diminuiu.
À medida que o aspecto feminino diminuía, havia cada vez menos Luz manifesta pelo mundo. Gradualmente, ao longo das gerações, se deu uma total redução da Luz dentro do mundo manifesto. Até os dias de hoje lutamos para enfrentar os desafios gerados por essa redução da Luz dentro do mundo físico. O mundo caminhava em passos largos em direção a obscuridade. Somente quando surge Avraham (Abraão) é que o equilíbrio começava a ser restaurado. Avraham é o primeiro a conseguir restaurar os dois aspectos da alma (masculino e feminino) em si. Como resultado de sua compreensão e conhecimento espiritual e principalmente de seu desejo de trazer sabedoria para a humanidade Avraham se tornou o canal para revelar a Luz do Mundo Infinito para a humanidade. Por ter encontrado a totalidade dos fragmentos da alma dentro de si mesmo, Avraham pode encontrar sua alma gêmea – Sara. O equilíbrio foi restaurado novamente entre o masculino e o feminino através do trabalho conjunto de Avraham e Sara. O papel de malchut, o aspecto feminino, foi elevado, e a escuridão foi substituída pela Luz. A humanidade recomeçava então a sua reconstrução espiritual. O grande desafio das futuras gerações seria a manutenção deste equilíbrio.
Hoje em dia, a manutenção desta interação espiritual entre o masculino e o feminino ocorre por intermédio do desenvolvimento das qualidades espirituais da Árvore da Vida, o que poderá ser a história de uma vida inteira de desenvolvimento e lapidação espiritual.
A chave para a preparação deste “casamento” está na forma como governamos o nosso DESEJO. Os nossos sábios nos informam que a essência central do ser humano é o DESEJO. Aqui reside a força motriz que gerencia não apenas a natureza humana como também todo o universo. Somos todos feitos de desejo, e segundo a Cabalá, isso vai além, todo o universo é movido pelo desejo. O desejo nutre todas as experiências manifestas.
Tudo o que fazemos, cada passo que damos sempre começa com o acender de um desejo que necessita ser preenchido. A Cabalá afirma que não há nenhum condutor mais profundo e potencialmente espiritual que a união entre as duas partes (masculina e feminina) da alma do que o DESEJO.
24:1 "Quando um homem arranja uma mulher e a desposa, e é quando ela não encontra graça aos olhos dele, tendo encontrado nela propósito de sexo,..."
Entre todas as manifestações do desejo, a que mais concentra energia potencial de Criação é o desejo sexual. E como todo e qualquer desejo, também aqui devemos procurar o refinamento. Quando nos tornamos conscientes do propósito espiritual e do papel cósmico que a união das almas masculinas e femininas desempenha no grande esquema das coisas, nos tornamos carregados de energia de Criação e fazemos o universo se mover. Por intermédio da união casher entre o masculino (o espírito) e o feminino (o corpo) pode-se manter a padrão crescente da qualidade e quantidade da Presença Divina dentro do mundo.
Aprendemos na Cabalá que muitas dessas ações de morte são promovidas pelas palavras amargas e reativas que deriva (na grande parte das vezes) não intencionalmente de nós.
Para que possa encontrar “graça aos olhos” do espírito, o corpo deve se preparar para receber a sua missão espiritual neste mundo.
Para tal preparação é necessário que o cabalista restaure o “pacto único”. Nome código que significa o pacto da língua e a circuncisão do órgão procriador. Estes dois pontos - a língua e o órgão procriador, na verdade os dois pontos essenciais do "intercurso" - são os dois centros primários de energia, ou pontos de contato, situados ao longo da linha central do corpo. E ponto de equilíbrio (ou desequilíbrio) do desejo.
Na Cabalá, a energia emitida a partir de cada um destes centros ou pontos de contato funde-se com aquela da alma-gêmea da pessoa para procriarem. O poder de procriar fisicamente brota do ponto mais baixo, inferior, ao passo que o poder de procriar espiritualmente brota do ponto mais elevado da boca e língua. Aprendemos que humanos (seres materiais) são criados a partir da união inferior dos órgãos procriadores, ao passo que anjos (seres espirituais) são criados a partir da união de "boca a boca," pelo poder do beijo e das palavras.
Temos ainda, conforme a Cabalá um centro adicional de energia - ou ponto de contato - o ponto central do peito, o ponto de contato do "abraço." Este ponto, relativo aos pontos acima e abaixo dele, representa um nível intermediário de energia conectiva, mais material que aquele do ponto acima, porém mais espiritual que aquele do ponto abaixo dele. Aqui, os anjos descem para vestir-se numa forma corpórea e terrena.
Sendo assim, segundo os ensinamentos da Cabalá a união entre o homem e a mulher deve se iniciar a partir do ponto médio, o ponto do abraço; para ascender ao ponto mais elevado, o beijo e as palavras de amor e finalmente descer ao ponto inferior.
Na Cabalá, todo estado meditativo e esforço espiritual para despertar energias e criar uniões relaciona-se a uma fórmula contemplativa para atingirmos o nosso ponto de contato interno com o Criador. A meditação dos três pontos de contato estabelece esta mesma ordem seqüencial para toda a preparação contemplativa.
O primeiro estágio da experiência com o Criador deve ser estabelecido pelo ponto central, ou seja, pelo desejo de ser chaver (companheiro) do caminho, aqui entra a importância do relacionamento com a congregação e a comunidade como um todo. Em seguida deve-se elevar a boca. Aqui há uma alegoria com o relacionamento com o mestre (rav) por se tratar de um relacionamento de palavras (ensinamentos). E por último nos níveis mais corporais, pois aqui reside a dedicação de corpo inteiro ao caminho. Aqui também reside um caminho a ser contemplado (no corpo) para que se possa rapidamente atingir um grau mais contemplativo de fluxo do Shefá pelos caminhos da Árvore da Vida.
Sod HaShem Lireav
(Os segredos do Eterno são para os que temem)
Rav Meir
(Os segredos do Eterno são para os que temem)
Rav Meir
O casamento é a suprema parceria entre os dois mundos de imanência e transcendência. Quando cada parceiro aprende a partilhar sua perspectiva única enquanto avalia e se conecta com a perspectiva paralela do outro, marido e mulher se tornam um equilíbrio perfeito de universos complementares. O homem guia a mulher, a mulher leva o homem. O homem dá a perspectiva, a mulher dá a experiência. Um sem o outro é um quadro incompleto. Juntos, eles formam uma unidade que tem o melhor dos dois mundos.
Com essa definição de masculino e feminino podemos entender duas antigas tradições judaicas. Nos dias antes do casamento, é costume o noivo ser chamado à Torá na sinagoga, e a noiva imergir no micvê. Na superfície estas duas atividades parecem estar a mundos de distância. Recitar bênçãos sobre um Rolo de Torá e mergulhar numa piscina ritual dificilmente se assemelham.
Por que práticas tão diferentes para homem e mulher?Talvez uma resposta seja que estes atos são uma forma de os noivos se conectarem a suas respectivas fontes espirituais, de enfatizar e nutrir as contribuições únicas que cada parte levará ao futuro casamento. O homem deve prover direção e estabilidade ao casamento, portanto ele se conecta à suprema fonte de direção e estabilidade – a Torá.
A mulher deve trazer vitalidade e experiência à união, portanto imerge nas águas da vida. O dele é um ato teórico – uma leitura. O dela é um ato de total envolvimento – uma imersão. Ele se conectou com a fonte de transcendência; ela, à fonte da imanência.Não é um feito pequeno unir homem e mulher – dois opostos tão diversos como céu e terra, mente e coração, teoria e prática.
Nós nos preparamos ao mergulhar primeiro em nossas respectivas fontes espirituais – as sagradas palavras da Torá e as águas sagradas do micvê.
Na chupá, a canópia de luz Divina funde juntas as nossas almas como se fossem uma. Então, após o casamento, temos uma vida inteira para aprender como trabalhar juntos e descobrir as maravilhas e belezas dos dois mundos se tornando um só.
Uma idéia bem louca. Bastante boa, também.
Com essa definição de masculino e feminino podemos entender duas antigas tradições judaicas. Nos dias antes do casamento, é costume o noivo ser chamado à Torá na sinagoga, e a noiva imergir no micvê. Na superfície estas duas atividades parecem estar a mundos de distância. Recitar bênçãos sobre um Rolo de Torá e mergulhar numa piscina ritual dificilmente se assemelham.
Por que práticas tão diferentes para homem e mulher?Talvez uma resposta seja que estes atos são uma forma de os noivos se conectarem a suas respectivas fontes espirituais, de enfatizar e nutrir as contribuições únicas que cada parte levará ao futuro casamento. O homem deve prover direção e estabilidade ao casamento, portanto ele se conecta à suprema fonte de direção e estabilidade – a Torá.
A mulher deve trazer vitalidade e experiência à união, portanto imerge nas águas da vida. O dele é um ato teórico – uma leitura. O dela é um ato de total envolvimento – uma imersão. Ele se conectou com a fonte de transcendência; ela, à fonte da imanência.Não é um feito pequeno unir homem e mulher – dois opostos tão diversos como céu e terra, mente e coração, teoria e prática.
Nós nos preparamos ao mergulhar primeiro em nossas respectivas fontes espirituais – as sagradas palavras da Torá e as águas sagradas do micvê.
Na chupá, a canópia de luz Divina funde juntas as nossas almas como se fossem uma. Então, após o casamento, temos uma vida inteira para aprender como trabalhar juntos e descobrir as maravilhas e belezas dos dois mundos se tornando um só.
Uma idéia bem louca. Bastante boa, também.
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