O 1º Batalhão de Operações Psicológicas (B Op Psico)1 é uma unidade de elite do Exército Brasileiro, com mobilidade estratégica e capacitada ao planejamento, condução e execução de procedimentos técnicos especializados, operacionalizados de forma sistemática, para a conquista de objetivos políticos,econômicos,psicossociais e ou militares, desenvolvidos antes, durante e após o emprego da força, visando a motivar públicos-alvos amigos, neutros e hostis a atingir comportamentos desejáveis.2 3 O Batalhão faz parte da Brigada de Operações Especiais, grande unidade especial subordinada ao Comando Militar do Planalto e localizada na cidade de Goiânia, Goiás.
História
Foi criada pela Portaria Nº. 336, de 22 de julho de 2002 - publicada no Boletim do Exército Nº. 30, de 26 de julho de 2002. Originalmente, ficou sediada na cidade do Rio de Janeiro, sendo subordinada ao Núcleo da recém-criada Brigada de Operações Especiais. Em 2003, foi transferida para a cidade de Goiânia, com a finalidade de integrar-se, fisicamente, à Brigada de Operações Especiais, que já se encontrava nesta localidade. Ao chegar em Goiânia, a organização militar ocupou as instalações do extinto NPOR do 42º Batalhão de Infantaria Motorizado, sendo empregado pela primeira vez como unidade de operações psicológicas no ano de 2004, por ocasião da Operação Timbó II, realizada na região Amazônica. Em 2004, por meio da portaria Nº 335, de 07 de junho de 2004 foi aprovado o distintivo da OM e a respectiva insígnia de comando. Atualmente, o Batalhão ocupa modernas instalações no complexo de instalações da Brigada de Operações Especiais e participa, efetivamente, de operações coordenadas pelo Comando de Operações Terrestres (COTER) em todo o território nacional.
Transformação do Dst Op Psico em B Op Psico
Em 03 de janeiro de 2012, através da Portaria nº 013, publicada no Boletim do Exército Nº. 02 de 13 de janeiro de 2012, o Comandante do Exército, no uso de suas atribuições, decidiu transformar o Destacamento de Operações Psicológicas (Dst Op Psc) em 1º Batalhão de Operações Psicológicas (1º B Op Psc). A Unidade permanece subordinada à Brigada de Operações Especiais (Bda Op Esp), Grande Comando Operacional integrante do Comando Militar do Planalto.
Emprego
É a tropa operacional que possui o maior número de missões reais, desde a criação da Brigada de Operações Especiais. Atua em todo o Território Nacional e, se necessário, no exterior (MINUSTAH). O emprego de Operações Psicológicas nos Complexos da Penha e do Alemão5 , no Rio de Janeiro, tem possiblitado a redução da violência em todo o Rio de Janeiro. A área pacificada pelo Exército deixou de ser uma das regiões mais perigosas do mundo, incluindo-se os locais onde estão ocorrendo guerras e conflitos entre povos e nações. Por tudo isso, as Operações Psicológicas são uma importante arma não-letal.
Recentemente sob a égide das Nações Unidas, o Batalhão de Operações Psicológicas teve papel decisivo no combate a grupos paramilitares que assolavam o território haitiano e causavam grande instabilidade política no país, sendo o 1º Batalhão de Operações Psicológicas a única unidade do Exército que envia militares em todos os contingentes para a MINUSTAH desde o início da missão, e as operações psicológicas executadas por esta unidade singular foi fundamental para a pacificação de Porto Príncipe.
"É preferível capturar o exército inimigo a destruí-lo. Obter uma centena de batalhas não é o cúmulo da habilidade. Dominar o inimigo sem combater, isso sim é o cúmulo da habilidade."Sun Tzu. Sun Zi (?? em pinyin: Sun1 Zi3), conhecido no ocidente como Sun Tzu.General chinês. Autor do livro A Arte da Guerra .
Efetivo
Possui em seu efetivo militares altamente vocacionados e especializados com cursos técnicos voltados para a utilização de ferramentas de edição e produção gráfica, web-design, fotografia, edição de áudio, edicão de vídeo, radiofusão, além de outros métodos específicos voltados para a interação com o público-alvo. Também tem militares especializados em psicologia, além de cursos de Operações Psicológicas realizados no exterior.
Formação do Operador Psicológico.
Formação do Operador Psicológico.
Para se tornar um Especialista em Operações Psicológicas, o militar, sendo ele 1ºTenente (de carreira) ou Capitão sem o Curso de Aperfeiçoamento de Oficiais, das Armas Combatentes e do Quadro de Material Bélico (QMB). Se praça, ser 3ºSargento (de carreira) ou 2ºSargento sem o Curso de Aperfeiçoamento de Sargentos, das Armas Combatentes e do Quadro de Material Bélico e estar, no mínimo, no comportamento “BOM”., deverá realizar o Curso de Operações Psicológicas no 1º Batalhão de Operações psicológicas (1º B Op Psc)6 , que tem duração de dezesseis semanas. Além do curso supracitado, o militar poderá realizar cursos no exterior em diversos países, como nos Estados Unidos da América, Colômbia, Peru, Chile, Argentina, Equador, entre outros. Para os Oficiais do QEMA, além dos assuntos ministrados na ECEME, é possível realizar o Estágio7 e o Curso Avançado de Operações Psicológicas no Centro de Estudos de Pessoal (CEP)8 e/ou no Comando de Operações Terrestres (COTER) que visa a formação do planejador de Operações Psicológicas no nível estratégico.
Lemas, Canção e Oração
Lemas
"O triunfo da influencia no territorio da mente"
"Corações e Mentes"
"Preservar Vidas e Economizar Meios"
"Corações e Mentes"
"Preservar Vidas e Economizar Meios"
Canção
Cquote1.svg Canção das Operações Psicológicas
Soldado que sabe persuadir
Autor do branco da certeza
Defensor da nossa Nação
Preservando vidas dos povos envolvidos
Apoiando os condutores
Serás sempre fundamental
Provas que a maior vitória
É vencer sem lutar
Estribilho:
Operador psicológico
Mensageiro da paz
Que usa a sabedoria
Para conquistar corações e mentes
És o condutor da tocha da vitória
Que ilumina o campo de batalha
Tua mente sempre vencerá a espada
Sempre avante Operações Psicológicas
Soldado que faz desistir
Senhor do cinza da incerteza
És o mestre da dissuasão
Motivando tropas para nobres objetivos
Manipulando os opositores
Com a arma não letal
Provas que a maior vitória
É vencer sem lutar
Ao estribilho e fim.
Cquote2.svg
Soldado que sabe persuadir
Autor do branco da certeza
Defensor da nossa Nação
Preservando vidas dos povos envolvidos
Apoiando os condutores
Serás sempre fundamental
Provas que a maior vitória
É vencer sem lutar
Estribilho:
Operador psicológico
Mensageiro da paz
Que usa a sabedoria
Para conquistar corações e mentes
És o condutor da tocha da vitória
Que ilumina o campo de batalha
Tua mente sempre vencerá a espada
Sempre avante Operações Psicológicas
Soldado que faz desistir
Senhor do cinza da incerteza
És o mestre da dissuasão
Motivando tropas para nobres objetivos
Manipulando os opositores
Com a arma não letal
Provas que a maior vitória
É vencer sem lutar
Ao estribilho e fim.
Cquote2.svg
Oração
Cquote1.svg Oração do Operador Psicológico
Senhor,
Daí-me a sabedoria para conquistar
Corações e mentes
Para vencer sem lutar
Senhor,
Daí-me a sabedoria para conquistar
Corações e mentes
Para vencer sem lutar
Daí-me a certeza de ser uma importante Arma não letal
Para preservar vidas e econiomizar meios
Para preservar vidas e econiomizar meios
Daí-me a capacidade de influir e convencer
Meu povo e minhas tropas
E o poder persuadir meus oponentes
Meu povo e minhas tropas
E o poder persuadir meus oponentes
Daí-me a flexibilidade para determinar a origem
E assim dominar o branco da certeza
O cinza da duvida e o negro da acusação
E assim dominar o branco da certeza
O cinza da duvida e o negro da acusação
Daí-me tambem senhor a certeza
De que a mente sempre vencerá a espada
Por sou operador psicológico
Sou herdeiro de gideão
Sou o condutor da tocha que ilumina o campo de batalha.
De que a mente sempre vencerá a espada
Por sou operador psicológico
Sou herdeiro de gideão
Sou o condutor da tocha que ilumina o campo de batalha.
Operações Psicológicas!
Brasil!!
Brasil!!
Operações Psicológicas, Corações e Mentes
Prof. Marcos Coimbra
Professor Titular de Economia na Universidade Candido Mendes, Professor na UERJ e Conselheiro da ESG
Artigo publicado em 06.12.2007 no Monitor Mercantil.
Operações psicológicas são as operações que incluem as ações psicológicas e a guerra psicológica. Compreendem as ações políticas, econômicas, psicossociais e militares, planejadas e conduzidas para criar num grupo (inimigo, hostil, neutro ou amigo) emoções, atitudes ou comportamentos favoráveis à consecução dos objetivos nacionais. É importante distinguir a diferença entre ação psicológica e guerra psicológica. A ação psicológica é a ação que congrega um conjunto de recursos e técnicas para gerar emoções, atitudes, predisposições e comportamentos em indivíduos ou coletividades, favoráveis à obtenção de um resultado desejado. A guerra psicológica caracteriza-se pelo emprego planejado da propaganda e da exploração em outras ações, com o intuito de influenciar opiniões, emoções, atitudes e comportamento de grupos adversos ou neutros, de modo a apoiar a consecução dos objetivos nacionais.
O objetivo da ação psicológica é o de elevar o moral da população, dirigida ao universo amigo, interno ou externo, antecipando-se a qualquer trabalho de solapamento do moral por parte do inimigo. Suas ações características são : motivação, baseada em crenças, aspirações e até ressentimentos, desenvolvidas por meio de apelos, configurados em idéias-força, devendo tomar por base um determinado tema, considerado próprio, gerando "slogans", representado por símbolos; objetivos inatacáveis como honestidade, veracidade, justiça, positividade; apresentação de idéias afirmativas; continuidade indispensável em vista da constante transformação por que passa a conjuntura; responsabilidade : necessidade de basear todas as informações divulgadas na verdade e de se cumprir os compromissos assumidos; onipresença : espírito que deve impregnar os colaboradores de forma a contagiar, pelo contato, as pessoas com as quais deve ser mantido um relacionamento; informação, persuasão com apelo à razão, sugestão com apelo aos sentimentos, pesquisas de opinião, de interesse, de atitudes.
O propósito da guerra psicológica é desmoralizar o adversário ou inimigo, dando-lhe uma sensação de insegurança, de impotência e de descrença no seu êxito, que o leve a rendição, se possível, obtendo sua posterior colaboração ativa, usando propaganda e contra-propaganda, com respeito aos aspectos éticos. Seu público-alvo consta de grupos inimigos, de conformidade com as hipóteses de guerra, constituído por indivíduos ou grupos que reconhecidamente não compartilham das aspirações nacionais e se contraponham à consecução dos objetivos nacionais, estejam ou não a serviço de grupos estrangeiros e aos neutros, aí incluídos os que o são por conveniência pessoal. Deve ser empregada de modo a diminuir a capacidade combativa do adversário, explorando todas as vulnerabilidades políticas, econômicas, psicossociais e militares, a impedir ou desencorajar ações contrárias aos interesses nacionais, através de uma propaganda bem organizada ou de demonstrações ostensivas, produzindo efeitos depressivos no moral adversário. Sua propaganda caracteriza-se pela disseminação de informação para influenciar a opinião pública, observados os princípios : dinâmica, ofensiva, afirmação, existência, original.
O conflito social é um processo social básico de convivência que se caracteriza por uma operação personalizada, voluntária e descontínua, visando à conquista de um valor social escasso. Segundo A. Lee Brown Jr. as causas do conflito político são : a) o fulcro do conflito na própria natureza humana; b) o conflito advém da distribuição dos bens materiais e da luta entre classes; c) o conflito e o comportamento agressivo resultam de uma condição psicossocial de frustração; d) o conflito surge da heterogeneidade cultural que fragmenta a identidade nacional; e) o conflito advém do crescimento do mundo, do progresso tecnológico e do consumo de recursos vitais. Os principais meios de solução das controvérsias internacionais, segundo Hildebrando Accioly são : a) meios diplomáticos : negociações diretas, congressos e conferências, bons ofícios, mediação, sistema consultivo; b) meios jurídicos : arbitragem, solução judiciária, comissões de inquérito e conciliação, comissões mistas; c) meios coercitivos: retorsão, represálias, embargo, boicotagem, bloqueio pacífico, ruptura de relações diplomáticas.
Analisando todas estas idéias, podemos compreender melhor o que está ocorrendo no Brasil e no mundo. Em nosso país, verificamos como os meios de comunicação, dominados por seis famílias, em conluio com institutos de pesquisa, pagos pelos "donos do mundo", são capazes de conduzir a população brasileira, elegendo quem desejam, apeando do poder seus adversários ocasionais. No mundo, identificamos o total controle dos meios de comunicação por parte da potência hegemônica, que chega ao cúmulo de restringir direitos constitucionais dos seus cidadãos, preservados ao longo dos tempos, obrigando ainda os demais países a somente veicular aquilo que desejam, censurando a tudo e a todos, até uma pequena rede de TV de um minúsculo país árabe. É preciso uma severa avaliação crítica do que se está lendo, para não sermos vítimas inocentes das operações psicológicas, capazes de influenciar nossos corações e mentes, transformando o réu em vítima e vice-versa.
O uso de operações psicológicas pelo crime organizado
Por Fernando Montenegro, 14/02/2013 - Mesmo não possuindo poder de combate para enfrentar o Exército durante a pacificação dos complexos de favelas do Alemão e da Penha, os integrantes do crime organizado prosseguiram promovendo ações hostis, principalmente no campo das operações psicológicas, durante toda a ocupação.
As técnicas, táticas e procedimentos de guerra irregular usados atualmente pelo crime organizado no Brasil foram assimilados pelos revolucionários comunistas na década de 1960 em Cuba, na China, na Albânia e outros países da Cortina de Ferro. Posteriormente, o guerrilheiro brasileiro Carlos Marighela os sintetizou escrevendo o Mini Manual do Guerrilheiro Urbano (1969), conhecido e usado pelas principais organizações terroristas e criminosas do mundo hoje em dia. Quando colocaram integrantes da luta armada e criminosos comuns no Presídio da Ilha Grande nas mesmas celas, no início da década de 1970, estes ensinamentos foram difundidos.
Da simbiose entre criminosos políticos e os comuns, nasceu o Comando Vermelho, primeira facção de crime organizado do Brasil, hoje possuindo conexões internacionais com vários segmentos do narcoterrorismo transnacional, como as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC).
Durante a pacificação de algumas favelas no Rio de Janeiro, puderam-se observar ações psicológicas direcionadas aos diversos públicos-alvo do cenário: as tropas do Exército, os próprios criminosos, a população local das comunidades e a opinião pública em geral. Da mesma forma, foram desenvolvidas as chamadas propagandas branca, cinza e negra ao longo da operação.
As pichações em muros e paredes, anteriores à pacificação, foram anuladas pela ação da tropa logo no início. No entanto, novas gravações e pinturas enaltecendo a facção criminosa e as iniciais de seus principais líderes foram realizadas em outros lugares, com siglas referentes ao Comando Vermelho. Também foram grafitados desenhos e textos ironizando a ação do Exército. Normalmente ocorriam nos intervalos de ronda das patrulhas.
Em situações de maior tensão, aproveitando-se de tumultos, surgiam rapidamente faixas e cartazes já preparados previamente, dando a impressão de que as turbas teriam sido agrupadas para aumentar o efeito e a visibilidade dos materiais. Também acompanhavam as faixas panfletos normalmente bem escritos, manipulando e distorcendo os fatos, procurando desacreditar a Força de Pacificação.
O Comando Vermelho filmou e filma suas atuações por ocasião dos embates e depois edita os vídeos, mostrando as forças legalistas sendo alvejadas em associação com imagens depreciativas da polícia ou das Forças Armadas e insatisfações da população com a exclusão social das favelas.
Esses vídeos são acompanhados de legendas e músicas que fazem apologia ao crime organizado. Depois de prontos, eles são postados no YouTube e outros sites da internet, usando inclusive redes sociais.
Os criminosos também se valem da difusão de boatos ameaçando a tropa e seus colaboradores através da comunidade ou simulando conversas no rádio (sabendo que estão sendo monitorados).
Outra forma de evidenciar força ou associação ao terror é a própria embalagem das drogas. Além de identificarem explicitamente sua proveniência, procuram usar slogans como “Rebeldes da Líbia”, “Esquina da Somália”, “Respeita o crime”, “Lança Míssil”. Sempre vêm acompanhados das iniciais CVRL (Comando Vermelho Rogério Lengruber, fundador do grupo) e alguma imagem de um traficante ou de uma arma.
A manutenção da lei do silêncio na comunidade é realizada através do terror. Os traficantes que possuem registro de atividades criminosas na polícia abandonaram a área, entretanto os “ficha-limpa” permaneceram na comunidade, promovendo atividades ilícitas de pequeno volume, direcionadas principalmente ao consumo interno. Os colaboradores das Forças Armadas tinham que ser muito discretos sob o risco de serem “justiçados” pelos criminosos.
Existem vários estúdios rudimentares que produzem músicas de péssima qualidade e com linguagem extremamente chula visando a apologia ao sexo explícito, ao crime organizado e depreciando a polícia ou o Exército. Essas músicas são muito populares no interior das favelas e são usadas para promover a degradação moral da comunidade, edificar os criminosos e provocar as forças legalistas. Embora sejam constantemente reprimidas, muitas vezes fica difícil identificar em tempo a origem do som dentro do labirinto de becos e vielas de uma favela com 16 km de perímetro e 400 mil habitantes.
Em algumas ocasiões, durante a madrugada, foram preparados gatilhos de tempo em artefatos caseiros para incendiar veículos estacionados na rua, mas foram neutralizados antes de serem detonados. Em outras ocasiões, foram preparadas barricadas com a finalidade de impedir ou dificultar o trânsito das viaturas. Essas ações normalmente eram muito bem articuladas, pois contavam com a participação de várias pessoas. Alguns olheiros (vigias), distribuídos nos arredores, monitoravam a movimentação da tropa, usando celulares para falar ou enviar mensagens de texto, ou mesmo rádios tipo talk about.
Tendo em vista que existe uma quantidade significativa de pessoas que vivem e se beneficiam do tráfico de drogas (vigilantes, vendedores, seguranças, embaladores/preparadores, transportadores, dentre outros), estas eram usadas sistematicamente para provocar arruaças e desgaste na tropa, ao promover brigas, desobediência e resistência ao acatamento de ordens.
Normalmente, mulheres, gestantes, idosos e crianças simpatizantes do tráfico formavam uma barreira protegendo os marginais contra a tropa por meio de escândalos, agredindo com palavras ou arremessando objetos de toda ordem. Essa situação costumava ser extremamente delicada, até mesmo para o uso de tecnologias não letais (spray de pimenta, munição de borracha, entre outras), pois quase sempre havia elementos preparados para filmar as ações da tropa e explorar as imagens na mídia. Em várias oportunidades, parecia que os jornalistas já estariam por perto, alertados de que haveria algum enfrentamento e, após a chegada deles, as turbas eram formadas e as hostilidades iniciavam.
Do acima descrito, pode-se perceber que os integrantes do Comando Vermelho dominam várias técnicas de emprego de Operações Psicológicas, direcionando-as aos diversos públicos-alvo integrantes do Teatro de Operações e sabendo usar redes sociais, internet, edição de vídeos, gravações de músicas, ou atividades mais rudimentares como grafitar paredes ou espalhar o terror com boatos e ameaças.
A maior dificuldade em realizar uma repressão mais eficaz a essas ações das forças adversas foi a falta de liberdade legal da tropa, conforme as regras de engajamento. É importante salientar que o Exército foi empregado numa situação de normalidade constitucional. Isso significa que todos os moradores das comunidades (por mais violência e ilícitos que houvesse) estariam em pleno gozo de seus direitos e garantias individuais. A tropa não possuía, portanto, autorização para entrar nas casas/barracos, recolher veículos sem documentação (missão da polícia), ou realizar outras ações. Os militares deveriam agir como se estivessem em um bairro de classe A, por exemplo.
A decisão da forma de emprego foi tomada no plano político e causou um enorme desgaste à Força de Pacificação em todos os níveis hierárquicos; entretanto, mais uma vez, os militares brasileiros souberam se adaptar a essas condicionantes, anularam as ações e concluíram a missão com sucesso histórico sem precedentes, entregando as comunidades às autoridades do estado do Rio de Janeiro, com índices de segurança inéditos naquela região.
*Fernando Montenegro, Coronel da reserva do Exército brasileiro e por duas vezes comandante de uma Força Tarefa Valor Batalhão de Infantaria Leve.
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