Festa das Semanas ou Pentecoste (Shavuot)
"Depois para vós contareis desde o dia seguinte ao sábado, desde o dia em que trouxerdes o molho da oferta movida; sete semanas inteiras serão.
Até ao dia seguinte ao sétimo sábado, contareis cinqüenta dias; então oferecereis nova oferta de alimentos ao SENHOR.
Das vossas habitações trareis dois pães de movimento; de duas dízimas de farinha serão, levedados se cozerão; primícias são ao SENHOR.
Também com o pão oferecereis sete cordeiros sem defeito, de um ano, e um novilho, e dois carneiros; holocausto serão ao SENHOR, com a sua oferta de alimentos, e as suas libações, por oferta queimada de cheiro suave ao SENHOR.
Também oferecereis um bode para expiação do pecado, e dois cordeiros de um ano por sacrifício pacífico.
Então o sacerdote os moverá com o pão das primícias por oferta movida perante o SENHOR, com os dois cordeiros; santos serão ao SENHOR para uso do sacerdote.
E naquele mesmo dia apregoareis que tereis santa convocação; nenhum trabalho servil fareis; estatuto perpétuo é em todas as vossas habitações pelas vossas gerações.
E, quando fizerdes a colheita da vossa terra, não acabarás de segar os cantos do teu campo, nem colherás as espigas caídas da tua sega; para o pobre e para o estrangeiro as deixarás. Eu sou o SENHOR vosso Deus." (Levítico 23:15-22)
Contexto Histórico
A Festa das Semanas ou Colheita (Shavuot em hebraico) era comemorada cinqüenta dias depois da Festa das Primícias, por causa desta contagem era também chamada de Pentecoste (em grego: qüinquangésimo dia).
Shavuot é a única Festa que não tem uma data fixa para ser comemorada, mas geralmente é celebrada nos dias 6 e 7 de Sivan (maio ou junho do nosso calendário).
Também era uma das três festividades de peregrinação nas quais a visita a Jerusalém e ao Templo era obrigatória (as outras duas festividades eram a Páscoa/Pessach e Tabernáculo/Sucot).
Shavuot marca o fim da Sefirah ou contagem do Omer (período entre Pessach e Shavuot). Também era concluída a colheita da cevada (iniciada na Páscoa) e iniciava-se a colheita do trigo. O mês de Sivan marcava o término da primavera e o início do verão.
O Talmud judaico considera Shavuot o encerramento da festividade da Páscoa e o chama de Atséretv (em hebraico: reunião). A tradição também diz que o Rei David nasceu e morreu em Shavuot.
πεντηκοστη pentekoste
Pentecoste = “qüinquangésimo dia”
שבוע shabuwa ̀ ou שׂבע shabua ̀ ou (fem.) שׂבאה sh ̂ebu ̀ah
1) sete, período de sete (dias ou anos), sétuplo, semana
1a) período de sete dias, uma semana
1a1) Festa das Semanas
1b) sétuplo, sete (referindo-se aos anos)
עצרה ̀atsarah ou עצרת ̀atsereth
1) assembléia, assembléia solene
1a) assembléia (reunião sagrada ou festiva)
1b) ajuntamento, companhia, grupo
Alguns estudiosos acreditam que Shavuot, por ser uma Festa tipicamente agrícola, só tomou forma quando os hebreus se tornaram uma comunidade em Canaã.
Mais tarde, tornou-se também uma Festa de renovação da Aliança com Deus no Monte Sinai (Ex. 19:1-16), pois segundo a tradição judaica foi em Shavuot que os Dez Mandamentos (a Torá) foram dados por Deus ao povo de Israel, através de Moisés, 50 dias após a saída do povo da terra do Egito. Deus deu instrução para que eles guardarem a festa do Pentecostes por todas as gerações como um memorial.
Shavuot e o cumprimento profético
Shavuot é a última Festa comemorada na estação da Primavera e também a última que possui cumprimento profético realizado (segundo o entendimento de muitos estudiosos em profecias bíblica), já que as três Festas de Outono ainda não se cumpriram profeticamente.
Shavuot ou Pentecoste foi cumprido com a descida do Espírito Santo sobre os apóstolos: "E, cumprindo-se o dia de Pentecostes…"(Atos 2:1)
Cristo foi as Primícias, o Molho de cevada, o primeiro grão colhido no início da ceifa e ciquenta dias depois, exatamente, ocorreu o Pentecoste, o início da colheita do outro grão, o trigo. Em Levítico 23:16 diz que em Shavuot deveria ser feito uma nova oferta de cereais ao Senhor: "…até o dia seguinte ao sétimo sábado, contareis cinqüenta dias; então oferecereis nova oferta de cereais ao Senhor." Jesus já havia sido oferecido ao Senhor nas Primícias, agora em Shavuot uma nova oferta de cereal deveria ser oferecida: a Igreja.
Cinquenta dias após a ressurreição de Cristo, o Espírito Santo veio sobre os apóstolos no dia de Pentecostes e batizou-os. Neste dia, após a pregação de Pedro, 3000 pessoas se converteram. Estes foram o primeiro Molho de trigo da Colheita, os primeiros frutos da Nova Aliança, colhidos pelo Espírito Santo.
No primeiro Shavuot, Moisés recebeu as tábuas da Lei (Antiga Aliança) e, ao descer do monte, encontrou o povo adorando um bezerro de ouro, neste dia morreram 3000 pessoas por causa da rebeldia. No primeiro Shavuot da Nova Aliança, 3000 pessoas receberam a vida eterna, através do arrependimento.
Outro detalhe: assim como cinquenta dias depois que os hebreus foram salvos pelo sangue de um cordeiro e libertos do Egito e faraó, receberam a Antiga Aliança; assim também a Igreja de Cristo, foi salva pelo sangue do Cordeiro Jesus e liberta do Egito, simbolizado pelo mundo e de seu rei e faraó, Satanás, também cinquenta dias depois recebeu o Espírito Santo da Nova Aliança de Cristo que iria imprimir no coração e na mente os Mandamentos do Senhor: "Mas o Conselheiro, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, lhes ensinará todas as coisas e lhes fará lembrar tudo o que eu lhes disse." (João 14:26)
Outro aspecto de Shavut é que os pães oferecidos eram fermentados ao contrário da Festa da Páscoa, que era sem fermento: "Até o dia seguinte ao sétimo sábado, contareis cinqüenta dias; então oferecereis nova oferta de cereais ao Senhor. Das vossas habitações trareis, para oferta de movimento, dois pães de dois décimos de efa; serão de flor de farinha, e levedados se cozerão; são primícias ao Senhor. (Levítico 23:16-17)
A presença do fermento nos pães indica que o mal estará presente da Igreja: "Outra parábola lhes disse: O reino dos céus é semelhante ao fermento que uma mulher tomou e misturou com três medidas de farinha, até ficar tudo levedado. (Mateus 13:33)
Shavuot, o noivado
Em Shavuot ocorreu o noivado de Deus com o povo de Israel. Neste dia foi entregue o acordo de noivado, a Torá. Este acordo ou contrato nupcial é chamado de Ketubah ou Ketubot.
Jeremias diz que no Monte Sinai o Senhor tomou Israel como Sua noiva: “Vai, e clama aos ouvidos de Jerusalém, dizendo: Assim diz o Senhor : Lembro-Me de ti, da bondade da tua mocidade, e do amor do teu noivado, quando Me seguias no deserto, numa terra que não se semeava. Então Israel era santidade para o Senhor, e as primícias da Sua novidade; todos os que o devoravam eram tidos por culpados; o mal vinha sobre eles, diz o Senhor ” (Jeremias 2.2,3).
A palavra 'noivado' (em negrito) no original em hebraico é justamente Ketubah.
כלולה k ̂eluwlah
1) noivado, promessa de noivado
No casamento bíblico, há dois estágios:
1. O noivado – onde o acordo ou contrato escrito é feito entre as partes. Durante o noivado, legalmente se está casado, porém os noivos não vivem juntos (ver: Êxodo 21.8, Levítico 19.20, Deuteronômio 20.7 e 22.23). O efeito legal deste contrato é tanto que para quebrá-lo só é possível pelo divórcio. A palavra hebraica para esse tipo de compromisso é 'aras'.
ארש ’aras
1) noivar, comprometer-se
1a) comprometer-se (homem ou mulher)
1b) ser comprometido
2. O casamento (em hebraico 'nissuin' ou 'laqach') – é consumação do casamento, quando o noivo, liberado pelo pai (com um toque do shofar) vai buscar a noiva em casa dos pais dela, erguendo-a no ar e tomando-a para si, para levá-la à casa que preparou para eles, junto à casa do pai dele.
Duas testemunhas são necessárias para o casamento: os amigos dos noivos (um para o noivo e outro para a noiva). Ao mesmo tempo, os amigos dos noivos devem assinar a ketubah, para que haja legalidade na consumação do casamento e isso só acontecerá se o amigo do noivo que estiver com a noiva perceber que a noiva está pronta.
A ketubah é um acordo de aliança, porque casamento é uma aliança. Moisés escreveu todas as palavras do Senhor no ‘Livro da Aliança’: “Moisés escreveu todas as palavras do Senhor, e levantou-se pela manhã de madrugada, e edificou um altar ao pé do monte, e doze monumentos, segundo as doze tribos de Israel;… E tomou o Livro da Aliança e o leu aos ouvidos do povo, e eles disseram: 'Tudo o que o Senhor tem falado faremos, e obedeceremos' ” (Êxodo 24.4,7)
נשואה n ̂esuw’ah ou antes נשׁאה n ̂esu’ah
1) o que é levado ou carregado, carga
לקח laqach
1) tomar, pegar, buscar, segurar, apanhar, receber, adquirir, comprar, trazer, casar, tomar esposa, arrebatar, tirar
Em cumprimento pleno dessa ‘sombra’, Jesus o Noivo, veio para desposar Sua noiva (a Igreja) e ao dar Sua vida por ela, escreveu com Seu sangue as palavras de uma Nova Aliança (a ketubah). Depois disso, subiu à casa do Pai, para lhe preparar morada para que onde Ele estiver ela (a Igreja) esteja também: “Na casa de Meu Pai há muitas moradas; se não fosse assim, Eu vo-lo teria dito. Vou preparar-vos lugar. E quando Eu for, e vos preparar lugar, virei outra vez, e vos levarei para Mim mesmo, para que onde Eu estiver estejais vós também” (João 14.2,3).
O Pai enviou João Batista (Amigo do Noivo) para anunciar Sua vinda (João 3.28,29). Quando o Noivo Jesus consumou Sua obra (a ketubah) e voltou para o Pai para preparar morada para Sua noiva, enviou o Espírito Santo (Amigo da noiva), para prepará-la para encontrar-se com Ele.
E como no casamento judaico, Deus Pai liberará o Noivo Jesus com toque de shofar (o soar da trombeta), para buscar a noiva Igreja, erguendo-a (nissuin) e tomando-a (laqach) para si – o Arrebatamento – para levá-la para a casa (morada) que Ele preparou para ela Igreja.
Nesses últimos dias o Espírito Santo tem falado que o regresso do Noivo se aproxima para consumar o casamento. É Ele que vai preparar a Igreja para o encontro com Jesus. Para que haja o casamento, a noiva precisa se arrumar. A Bíblia ensina que Jesus vai levar uma Igreja sem mácula, sem manchas e santa.
O Senhor em Shavuot do Sinai, desposou Israel entregando-lhe os Dez Mandamentos (Ketubah) escrita.
No Shavuot de Sião, o Senhor Jesus desposou Sua Noiva, a Igreja (nascida dEle no sacrifício da Páscoa), escrevendo em seus corações a Ketubah Viva (Jesus, a Palavra Viva)!
Shavuot e o Livro de Rute
É costume ler o Livro de Rute em Shavuot. Este livro tem sido chamado de “O Romance da Redenção” e seu acontecimento central ocorreu em Shavuot, época da colheita do trigo.
A história de Rute e Boaz é uma tipologia do plano de Deus para a redenção. Rute é a moabita que aceitou a fé judaica, por isso simboliza a Igreja gentílica que não tinha direito à herança da vida eterna, mas por sua obediência, humildade e fidelidade foi achada digna de fazer parte da herança, pela misericórdia do Senhor Jesus.
Boaz foi o remidor de Rute, aquele que pagou o preço para que ela fosse resgatada e tivesse sua herança (Rute 4). Boaz pré-figura o Senhor Jesus, o remidor, que com o seu Sangue pagou um preço alto para resgatar e fazer com que a Igreja tenha parte na herança (vida eterna).
Shavuot e os rabiscos da colheita
Na Lei de Moisés estava previsto que os israelitas deveriam dar assistência aos pobres: "Pois nunca deixará de haver pobre na terra; pelo que te ordeno, dizendo: Livremente abrirás a tua mão para o teu irmão, para o teu necessitado, e para o teu pobre na tua terra." (Deuteronômio 15:11)
Por isso os proprietários de terra, ao realizar a colheita dos frutos produzidos pelo seu campo, deveriam deixar os cantos para serem colhidos pelos pobres e estrangeiros, além disso, as espigas que caíam no chão não deveriam ser recolhidas, pois serviriam para o mesmo propósito.
"E, quando fizerdes a colheita da vossa terra, não acabarás de segar os cantos do teu campo, nem colherás as espigas caídas da tua sega; para o pobre e para o estrangeiro as deixarás. Eu sou o SENHOR vosso Deus." (Levítico 23:22)
"Quando no teu campo colheres a tua colheita, e esqueceres um molho no campo, não tornarás a tomá-lo; para o estrangeiro, para o órfão, e para a viúva será; para que o SENHOR teu Deus te abençoe em toda a obra das tuas mãos. Quando sacudires a tua oliveira, não voltarás para colher o fruto dos ramos; para o estrangeiro, para o órfão, e para a viúva será. Quando vindimares a tua vinha, não voltarás para rebuscá-la; para o estrangeiro, para o órfão, e para a viúva será." (Deuteronômio 24:19-21)
A prática de respigar (colher as sobras da colheita) também é conhecida como rabiscos: "Porque será como o segador que colhe a cana do trigo e com o seu braço sega as espigas; e será também como o que colhe espigas no vale de Refaim. Porém ainda ficarão nele alguns rabiscos, como no sacudir da oliveira: duas ou três azeitonas na mais alta ponta dos ramos, e quatro ou cinco nos seus ramos mais frutíferos, diz o SENHOR Deus de Israel." (Isaías 17:5-6)
Baseado nestes ensinamentos, muitos estudiosos em escatologia, principalmente os Pré-Tribulacionistas, dividem o período da colheita em três partes: as primícias, a grande colheita e os rabiscos.
Essas três fases simbolizaria a ressurreição: as primícias cumprida pela ressurreição de Cristo; a grande colheita que ocorrerá por ocasião do arrebatamento e os rabiscos serão os salvos durante a Grande Tribulação: "E um dos anciãos me falou, dizendo: Estes que estão vestidos de vestes brancas, quem são, e de onde vieram? E eu disse-lhe: Senhor, tu sabes. E ele disse-me: Estes são os que vieram da grande tribulação, e lavaram as suas vestes e as branquearam no sangue do Cordeiro." (Apocalipse 7:13-14)
Quando o grão (a Igreja) for completamente colhido, ainda restarão os rabiscos: os grãos, cachos de uvas e azeitonas, que certamente serão colhidos pelo Senhor.
Nota: Algumas pessoas acreditam que a azeitona representa Israel.
Conclusão
As Festas da Primavera que foram analisadas nos lembraram da morte e ressurreição de Cristo, do derramar do Espírito Santo sobre os cristãos e da colheita dos primeiros frutos. Pentecoste nos lembra também da missão de pregar o Evangelho para que a colheita final seja grandiosa, pois como Jesus nos advertiu: "Então, disse Jesus aos seus discípulos: A seara é realmente grande, mas poucos os ceifeiros. Rogai, pois, ao Senhor da seara, que mande ceifeiros para a sua seara." (Mateus 9:37-38)
Nos próximos posts estudaremos as Festas de Outono, que apontam para promessas de Deus ainda não cumpridas, mas que vão se cumprir da mesma forma como as Festas da Primavera. As Festas de Outono nos falam da Segunda Vinda de Jesus, do arrependimento do povo judeu, do julgamento, do milênio e estado eterno para os justos e fiéis.
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